
A China enviou um recado duro a Washington ao suspender totalmente, em setembro, as importações de soja dos Estados Unidos. O gesto é tratado como ultimato: Pequim só voltará a comprar o grão se o governo Donald Trump retirar as tarifas impostas contra produtos chineses.
Em 2024, os chineses importaram mais de US$ 12 bilhões em soja americana, mas este ano o comércio parou. Para compensar, a China intensificou a compra de grãos do Brasil e da Argentina, que ampliaram sua oferta ao mercado asiático.
Nos Estados Unidos, a decisão ameaça levar milhares de produtores à falência. Em alguns estados, até 60% da produção tem a China como destino. Com o bloqueio, estoques se acumulam e faltam armazéns para armazenar o produto. Além disso, a repressão imigratória reduziu a mão de obra no campo e a inflação encareceu custos de produção.
Trump reagiu prometendo subsídios emergenciais aos agricultores, financiados com parte da arrecadação das próprias tarifas.
“Vamos repassar esse dinheiro aos fazendeiros até que as tarifas passem a beneficiá-los”, disse no Salão Oval.
O setor, porém, não demonstra confiança. “Não vimos nenhum repasse na primeira rodada de tarifas e não acreditamos que virá agora”, afirmou John Boyd Jr., presidente da Associação Nacional de Agricultores Negros.
Pesquisas recentes apontam queda no otimismo dos produtores em relação à economia americana. Para muitos, as tarifas deixaram de ser estratégia de proteção e se tornaram ameaça direta à sobrevivência da agricultura nos EUA.