
Após um 2025 marcado por forte alta, o preço do café tende a apresentar alguma acomodação ao longo de 2026, mas sem retorno aos patamares considerados baixos pelo consumidor. A avaliação é de analistas do setor, que apontam melhora gradual das condições climáticas, porém alertam que a oferta seguirá restrita diante da recuperação lenta dos cafezais e dos estoques historicamente apertados.
As perspectivas para o início de 2026 são mais favoráveis à produção, sobretudo com chuvas previstas durante a fase de florada, etapa decisiva para o desenvolvimento dos grãos. Caso o regime climático se confirme, a produção brasileira de café arábica pode crescer e ajudar a recompor parcialmente os estoques globais. Ainda assim, especialistas destacam que anos consecutivos de seca e calor extremo comprometeram a capacidade produtiva das lavouras, limitando o potencial de queda nos preços.
Outro fator que pesa sobre o mercado é o ciclo bienal do café, no qual um ano de maior colheita costuma ser seguido por outro de produção mais fraca. Em 2026, grande parte das plantas ainda estará em processo de recuperação, o que reduz a oferta disponível. Mesmo com registros pontuais de queda nos preços ao longo de 2025, a tendência é de ajustes modestos, sem alívio significativo para o consumidor final.
Do lado da demanda, o consumo segue em alta, enquanto os estoques permanecem pressionados tanto no Brasil quanto no exterior. A colheita brasileira começa apenas em abril e o café chega efetivamente ao mercado a partir de setembro, o que mantém a disponibilidade limitada ao longo do ano. A retomada das compras internacionais, especialmente dos Estados Unidos, também contribui para sustentar os preços em níveis elevados.
Em resposta às adversidades climáticas, produtores têm ampliado investimentos no café robusta, variedade mais resistente e de menor custo, que vem ganhando espaço nos blends comercializados no varejo. Embora essa estratégia ajude a conter parcialmente os preços, seus efeitos sobre o consumidor ainda serão graduais, reforçando a expectativa de que o café possa até baratear um pouco em 2026, mas continue longe de ser um produto barato.