O ex-presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica, morreu nesta terça-feira (13), aos 89 anos, em Montevidéu. Referência internacional da esquerda latino-americana, Mujica enfrentava um câncer no esôfago em estágio avançado desde 2024. A morte foi confirmada pelo presidente uruguaio Yamandú Orsi, que lamentou a perda de um “líder, ativista e símbolo do amor ao povo”.
Ícone de uma geração de líderes forjados na luta contra regimes autoritários, Mujica teve uma trajetória marcada por coragem, coerência política e uma vida pessoal de extrema simplicidade. Foi guerrilheiro do Movimento Tupamaros nos anos 1960, enfrentou a ditadura militar uruguaia, sobreviveu a torturas e passou 14 anos preso antes de ser anistiado em 1985.
Após deixar a clandestinidade, Mujica ajudou a fundar o Movimento de Participação Popular (MPP) e construiu uma carreira política institucional. Foi deputado, senador e ministro da Agricultura antes de se eleger presidente em 2009. No cargo, governou o Uruguai entre 2010 e 2015, com forte aprovação popular e respeito internacional.
Durante sua presidência, Mujica se destacou por políticas sociais progressistas e por manter um estilo de vida austero. Morava em um sítio modesto com a esposa, Lucía Topolansky — também ex-vice-presidente — e dirigia um Fusca 1987 para ir ao Palácio do Executivo. Recusou luxos, doou parte do salário e reforçou a imagem de líder comprometido com o povo.
Pepe Mujica anunciou sua doença publicamente em abril de 2024 e, desde então, passou a receber cuidados paliativos. Na véspera de sua morte, sua esposa confirmou o estado terminal. A partida do ex-presidente encerra um ciclo de resistência política e deixa um legado de autenticidade, solidariedade e compromisso com a justiça social.
Com sua morte, a América do Sul se despede de uma de suas figuras mais humanas e influentes — um político que, com palavras simples e ações firmes, desafiou os padrões do poder e inspirou gerações em todo o mundo.
