Minérios estratégicos do Brasil despertam interesse dos EUA e reação de Lula

Minerais estratégicos do Brasil entram no radar dos EUA e elevam tensão geopolítica

O interesse dos Estados Unidos pelos minérios críticos brasileiros, como lítio, nióbio e terras-raras, reacendeu discussões sobre soberania e segurança nacional. O tema foi levado à mesa por Gabriel Escobar, encarregado de negócios da Embaixada dos EUA, em reunião com representantes do setor de mineração em Brasília. A proposta americana é incluir esses minerais em negociações bilaterais, enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reage com firmeza: “Aqui ninguém põe a mão”.

As conversas ocorrem em meio à escalada do tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump a produtos brasileiros. O governo dos EUA tenta ampliar sua influência sobre cadeias de suprimento de minérios estratégicos, vitais para a indústria tecnológica, militar e energética. O Brasil, por sua vez, concentra 93% das reservas mundiais de nióbio, 23% das terras-raras e 8% do lítio — recursos considerados cruciais na transição energética global.

Raul Jungmann, presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), afirmou que a exploração mineral no país só pode ser negociada com aval do governo federal. Segundo ele, a legislação brasileira permite a entrada de empresas estrangeiras por meio de joint ventures, mas não prevê acordos diretos de Estado para Estado. A posição foi reforçada ao vice-presidente Geraldo Alckmin, que lidera a frente de negociação com Washington.

O temor do governo brasileiro é que os EUA usem os minérios como moeda de troca em negociações comerciais. Especialistas apontam que o interesse americano segue a mesma lógica aplicada na Ucrânia, onde Trump firmou acordo para garantir prioridade na exploração das terras-raras ucranianas por uma década. “A disputa por esses recursos já se tornou um tema central da geopolítica mundial”, avalia o geopolítico Ronaldo Carmona, da Escola Superior de Guerra.

Diante da pressão, o governo Lula articula uma política nacional para proteção dos minerais estratégicos. Em discurso recente, o presidente ressaltou a importância da soberania sobre os recursos naturais:

“Nós temos todo o nosso ouro, o nosso petróleo e os nossos minerais ricos para proteger. Este país é do povo brasileiro”.

Enquanto isso, uma missão empresarial brasileira deve viajar aos EUA nos próximos meses para negociar diretamente com importadores e tentar contornar os impactos do tarifaço.

Com o avanço das tensões, especialistas alertam: o século XXI pode ser marcado por uma nova corrida mineral — com o Brasil em posição estratégica e sob os olhos atentos das grandes potências.

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