Lula estuda medidas para conter alta dos alimentos no Brasil

Ricardo Stuckert

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta sexta-feira (7), que o governo pode adotar medidas mais drásticas para reduzir os preços dos alimentos no país. Durante evento em Campo do Meio (MG), Lula responsabilizou atravessadores pelo encarecimento dos produtos, citando a alta no valor dos ovos como exemplo. No entanto, o presidente não detalhou quais ações podem ser adotadas para enfrentar o problema.

Segundo Lula, a elevação dos preços compromete o acesso da população a itens básicos. “O ovo está saindo do controle. Uns dizem que é o calor, outros dizem que é exportação, e eu estou atrás [da explicação]”, declarou. De acordo com o presidente, o custo de uma caixa com 30 dúzias de ovos saltou de R$ 140 para R$ 210 entre janeiro de 2023 e fevereiro de 2025.

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) atribui o aumento à sazonalidade do consumo durante a quaresma, à alta nos custos de produção e às temperaturas elevadas, que impactam a produtividade das aves. A entidade afirma que as exportações representam menos de 1% da produção total e não influenciam significativamente o mercado interno.

Para conter a inflação dos alimentos, o governo anunciou a isenção do imposto de importação sobre nove produtos essenciais, incluindo café, azeite, açúcar, milho, óleo de girassol, sardinha, biscoitos, macarrão e carnes. A medida entrará em vigor após aprovação da Câmara de Comércio Exterior (Camex).

Lula defendeu que os produtores devem ser remunerados de forma justa, mas alertou para a atuação de intermediários que elevam os preços. “Entre o produtor e o consumidor deve ter muita gente que mete o dedo no meio. Nós vamos descobrir quem é o responsável por isso”, afirmou.

Além da isenção de tributos, o governo pretende reforçar estoques reguladores da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e ampliar incentivos à produção agrícola. Segundo Lula, o objetivo é garantir que a população tenha acesso a alimentos saudáveis e de qualidade a preços justos.

O presidente reafirmou que busca uma solução equilibrada, mas não descartou ações mais enérgicas se os preços continuarem em alta. “O governo inteiro está preocupado e tem muito empresário também que está preocupado”, concluiu.