Israel aprova retomada parcial da ajuda humanitária a Gaza sob tensão interna

Reprodução redes sociais

O governo de Israel aprovou, neste domingo (4), um plano para permitir o retorno gradual da ajuda humanitária à Faixa de Gaza, bloqueada desde 2 de março. A decisão foi tomada pelo gabinete de Segurança, responsável pela condução da ofensiva militar no enclave palestino. A medida ocorre em meio à crescente pressão internacional e à escassez crítica de alimentos e medicamentos no território.

Segundo a imprensa israelense, o plano prevê a liberação controlada de remédios, alimentos e outros itens essenciais. No entanto, parte dos ministros se opôs à decisão, argumentando que a ajuda pode beneficiar o Hamas. O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, chegou a sugerir que os depósitos de alimentos do grupo deveriam ser bombardeados, o que gerou um confronto verbal com o chefe do Estado-Maior, Eyal Zamir, que alertou sobre as implicações legais e humanitárias da medida.

A agência AFP informou que, além da reabertura parcial da ajuda, o gabinete israelense também autorizou o aumento da pressão militar sobre Gaza. O jornal Israel Hayom afirma que o Exército passará a ocupar novas áreas do território, intensificando operações especialmente na região sul, onde milhares de civis deslocados já se concentram. A cidade de Rafah e a chamada “zona humanitária” de Mawasi também estão sob ameaça de novas incursões.

Desde o início da guerra, em outubro de 2023, a entrada de ajuda em Gaza tem sido severamente limitada. Segundo dados da ONU, em novembro do ano passado, cerca de 92 caminhões entravam por dia na região — número muito abaixo dos 500 registrados antes do conflito, que já era considerado insuficiente. Organizações humanitárias alertam para o risco iminente de fome em massa caso a assistência não seja retomada de forma contínua e segura.

Internamente, a decisão do gabinete gerou reações políticas. Yair Golan, líder do partido Democratas Progressistas, acusou o governo Netanyahu de usar a ofensiva em Gaza para se manter no poder. “Expandir a operação militar não protege Israel, protege Netanyahu”, escreveu em rede social. A retomada da ajuda, portanto, ocorre em um contexto de divisões internas e agravamento da crise humanitária, com perspectivas ainda incertas para um cessar-fogo com o Hamas.

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