Fundo Florestas Tropicais ganha apoio político, mas doações ainda são tímidas

Foto Bruno Peres

O Brasil conquistou amplo apoio político à criação do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), apresentado durante a Cúpula dos Líderes da COP30, em Belém. A iniciativa, que busca financiar a conservação das florestas tropicais, recebeu o respaldo de mais de 50 países, incluindo Alemanha, Reino Unido e Japão. No entanto, apenas Noruega, França e Portugal confirmaram aportes financeiros até o momento, o que demonstra o desafio de transformar o entusiasmo diplomático em compromissos concretos.

A Noruega, principal doadora histórica do Fundo Amazônia, anunciou uma contribuição de US$ 2,9 bilhões, a serem liberados gradualmente até 2035. A França destinou 500 milhões de euros, e Portugal, de forma simbólica, se comprometeu com 1 milhão de euros. Já a Alemanha, que deve oficializar sua adesão na sexta-feira (7), ainda não divulgou o valor do aporte. O Brasil e a Indonésia, coidealizadores do fundo, também garantiram US$ 1 bilhão cada como contribuição inicial.

O objetivo do TFFF é arrecadar US$ 25 bilhões de países soberanos até 2026, atraindo outros US$ 100 bilhões de investidores privados. O Banco Mundial foi designado para operar o mecanismo, que recompensará financeiramente países em desenvolvimento que reduzirem o desmatamento e preservarem suas florestas. Serão elegíveis mais de 70 nações, que juntas abrigam cerca de 1 bilhão de hectares de florestas tropicais e subtropicais úmidas.

A declaração de adesão ao fundo, assinada por 53 países, destaca a urgência em proteger as florestas e reconhece seu papel essencial na regulação climática, segurança alimentar e combate à pobreza. O texto reforça que as florestas “devem valer mais em pé do que destruídas”, sintetizando o espírito da proposta brasileira de vincular preservação ambiental a desenvolvimento sustentável.

Apesar do entusiasmo político, o baixo volume de doações efetivas preocupa ambientalistas e diplomatas. O ministro do Clima e Meio Ambiente da Noruega, Andreas Bjelland Eriksen, fez um apelo para que mais países contribuam, afirmando que proteger as florestas tropicais é “um investimento no futuro comum da humanidade”. Já o Reino Unido, que participou da concepção do fundo, surpreendeu ao anunciar que não fará aportes neste primeiro momento.

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