Copom mantém alta dos juros sob comando de Galípolo

Na primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) sob a presidência de Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Banco Central deve manter o ritmo de elevação da taxa básica de juros. A expectativa do mercado é de um aumento de um ponto percentual, levando a Selic de 12,25% para 13,25% ao ano.

Mudança no comando do Banco Central

Essa será também a primeira reunião do Copom com maioria de diretores indicados pelo atual governo, o que pode influenciar a direção das decisões futuras. Com a autonomia operacional do Banco Central, estabelecida em 2021, os diretores têm mandatos fixos e podem conduzir a política monetária independentemente do governo.

Nos últimos anos, a gestão de Roberto Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, foi alvo de críticas do governo atual. A principal reclamação era o nível elevado da taxa de juros, considerado um entrave ao crescimento econômico e à geração de empregos.

Projeção de novos aumentos

Caso a previsão do mercado se confirme, essa será a quarta alta consecutiva da Selic. A projeção é de que os aumentos continuem nos próximos meses, podendo ultrapassar os 15% ao ano em meados de 2025. Esse seria o maior patamar em quase duas décadas.

Impacto e expectativas

A elevação da Selic tem como objetivo conter a inflação, que continua acima da meta estabelecida pelo Banco Central. O novo regime de metas, que entra em vigor em 2025, prevê um objetivo de inflação de 3%, com tolerância entre 1,5% e 4,5%.

Pedro Ros, CEO da Referência Capital, destaca que a escolha de Galípolo para o comando do BC levanta questionamentos sobre a independência da instituição. “Se ele seguir a linha do governo, pode haver pressão para reduzir os juros mais rapidamente, o que impactaria o crédito e o financiamento imobiliário”, analisa.

Por outro lado, Sidney Lima, da Ouro Preto Investimentos, aponta que Galípolo tem indicado que a Selic deve permanecer elevada para garantir a estabilidade da economia.

“Ele já alertou que a política contracionista será mantida para combater a inflação e estabilizar o mercado”, afirma Lima.

Cenário futuro

Atualmente, o Banco Central projeta a inflação oficial em 5,5% para 2025, 4,22% para 2026, 3,90% para 2027 e 3,73% para 2028. Esses valores estão acima da meta central de 3%, indicando que a política monetária deverá continuar restritiva nos próximos anos.

Em 2024, a inflação fechou em 4,83%, acima do teto da meta. Como resultado, Gabriel Galípolo precisou enviar uma carta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicando as razões para o descumprimento do objetivo.

Com o novo comando do Banco Central e a continuidade da alta dos juros, o mercado segue atento às decisões do Copom e seus impactos na economia brasileira.

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