
O avanço da renda e as recentes mudanças nas regras do Bolsa Família levaram mais de 2 milhões de famílias a deixarem o programa em 2025, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Social. Em outubro, o benefício chegou a 18,9 milhões de lares, o menor patamar desde julho de 2022. O governo avalia o movimento como sinal positivo da recuperação econômica e da autonomia de parte da população.
Por outro lado, economistas alertam que a redução no número de beneficiários pode refletir mais do que um aumento real de renda — podendo indicar o impacto de revisões cadastrais e do ajuste fiscal que reduziu o orçamento do programa em cerca de R$ 10 bilhões neste ano. Com menos famílias assistidas, o desafio passa a ser equilibrar o corte de gastos públicos com a manutenção da rede de proteção social, especialmente em regiões onde o emprego ainda é precário.
O ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, defende que o novo modelo do Bolsa Família é mais sustentável e voltado à ascensão social. Segundo ele, quem sai do programa o faz “para cima”, por meio de emprego formal ou empreendedorismo. Dados do Caged mostram que 58% das novas vagas criadas no primeiro semestre foram ocupadas por beneficiários, enquanto o Sebrae identificou que mais da metade dos microempreendedores individuais do Cadastro Único iniciaram negócios após ingressar no sistema.
Para a economia, a saída de milhões de famílias representa um duplo efeito. De um lado, reduz a pressão sobre o gasto público e sinaliza avanço do mercado de trabalho formal. De outro, diminui o fluxo de consumo em comunidades que dependem da renda do programa, podendo afetar o comércio e serviços locais. Especialistas apontam que a transição só será benéfica se acompanhada de políticas que sustentem a geração de renda e educação profissional.
Com orçamento previsto de R$ 159,5 bilhões em 2025 e R$ 158,6 bilhões para 2026, o Bolsa Família segue como uma das principais âncoras sociais do país. O governo aposta que a combinação entre aumento de renda e focalização dos recursos permitirá reduzir desigualdades de forma mais eficiente. Ainda assim, analistas lembram que o desafio político e econômico será manter o equilíbrio entre inclusão e responsabilidade fiscal — uma equação decisiva para o futuro da economia brasileira.