Crescimento econômico e alta dos preços: a percepção do brasileiro

Foto Tânia Rego

O Brasil registrou crescimento de 3,4% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2024, a maior alta desde 2021. O mercado de trabalho também alcançou um marco histórico, com a menor taxa de desemprego já registrada pelo IBGE. Apesar dos avanços econômicos, a percepção da população em relação à economia é negativa, influenciada pelo aumento dos preços dos alimentos e pelo menor poder de compra das famílias.

Segundo levantamento do Datafolha, o otimismo dos brasileiros em relação ao futuro da economia caiu para o menor nível desde 2020. Apenas 24% da população aprova a gestão econômica do governo, o menor índice dos três mandatos do presidente Lula. Especialistas apontam que a alta dos alimentos é um dos principais fatores que contribuem para essa insatisfação.

O índice oficial de inflação (IPCA) fechou 2024 em 4,83%, pouco acima dos 4,62% registrados em 2023. No entanto, os alimentos tiveram alta de 8,23%, impactando especialmente as famílias de menor renda, que destinam grande parte do orçamento para a alimentação. O preço das carnes, por exemplo, subiu mais de 20% no período, reduzindo o acesso da população a itens essenciais.

Estudos apontam que a renda disponível das famílias brasileiras caiu de 42,4% em dezembro de 2023 para 41,9% no final de 2024. A população das classes D e E é a mais afetada, com cerca de 80% da renda comprometida com itens básicos. Embora os salários tenham registrado ganho real, o aumento dos preços compromete a melhora no poder de compra.

A escalada nos preços dos alimentos decorre de diversos fatores, incluindo eventos climáticos extremos e a desvalorização do real. A instabilidade fiscal contribui para o aumento do dólar, o que encarece produtos importados e estimula exportações, reduzindo a oferta interna e elevando os preços.

Diante desse cenário, analistas destacam a importância de medidas para conter a inflação alimentar, como o fortalecimento da produção nacional e a estabilização do câmbio. Enquanto os indicadores econômicos mostram avanços, a percepção negativa da população segue como um desafio para a recuperação da confiança na economia.