
Projetos voltados para temas centrais ao futuro da Amazônia estão sendo apresentados pelo Governo do Amazonas, por meio da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), realizada em Belém (PA) até o dia 21 de novembro. No evento, a universidade apresenta iniciativas desenvolvidas nas áreas de energia renovável, monitoramento ambiental, bioeconomia, inovação tecnológica e justiça climática.
As ações refletem o compromisso da instituição com o desenvolvimento sustentável, a valorização da biodiversidade e a produção de conhecimento científico aplicado à realidade amazônica. O governador do Amazonas, Wilson Lima, está presente na COP30 expondo as mais diferentes iniciativas desenvolvidas no estado voltadas ao compromisso com a preservação ambiental.
Os projetos da universidade podem ser conferidas na área Green Zone, estande 63, das Defensorias do Brasil, resultado da parceria entre a UEA e a Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM).
Para o reitor da UEA, André Zogahib, a presença da UEA na COP30 reafirma o papel da universidade, como uma instituição pública, que transforma conhecimento em inovação contribuindo para o desenvolvimento sustentável da região. “Parabenizo nossos docentes, pesquisadores e estudantes pelos projetos que levam o nome da UEA à COP30. Cada iniciativa representa a excelência científica e o compromisso da universidade com soluções reais para os desafios amazônicos”, disse.
Diesel Verde
Entre os projetos levados pela universidade está o “Aproveitamento energético de plantas oleaginosas na região amazônica: geração de valor e desenvolvimento regional”. A iniciativa, conhecida como “Diesel Verde”, coordenada pela Professora Patrícia Melchionna, tem o objetivo de identificar e estudar novas fontes de oleaginosas amazônicas para a produção de biocombustíveis avançados. O projeto, financiado pela Eneva e Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), tem como executoras, além da UEA, o Instituto Senai de Inovação em Biossintéticos e Fibras e a Essenz Soluções.
Em defesa da floresta
Três projetos voltados à proteção ambiental, por meio da tecnologia e da inteligência artificial (IA), desenvolvidos pela UEA, também marcam presença na COP30. Liderados pelo Laboratório de Sistemas Embarcados (LSE/UEA), os projetos Curupira, Yara e Irapuru serão representados pelo professor Raimundo Cláudio Souza Gomes.
O Curupira funciona como um sistema integrado de vigilância ambiental, capaz de detectar desmatamento ilegal, presença de fumaça, variações de temperatura e outras anomalias em áreas remotas. Com autonomia energética de até cinco anos e transmissão de dados em tempo real, o sistema amplia a capacidade de monitoramento e resposta a crimes ambientais na Amazônia.
O Yara atua no monitoramento contínuo da qualidade da água do rio Amazonas, analisa parâmetros como pH, turbidez, oxigênio dissolvido, condutividade elétrica e temperatura. Os dados são enviados para plataformas digitais que subsidiam decisões de gestão hídrica e ações de preservação ambiental.
Já o Uirapuru é resultado de uma parceria entre o LSE/UEA, Fundação Amazônia Sustentável (FAS) e empresas como Dell Technologies, Intel e Computer AD. O projeto utiliza inteligência artificial para monitorar a biodiversidade, apoiar a conservação e promover educação comunitária na comunidade Boa Esperança, em Manicoré (AM). As apresentações do LSE ocorrerão no barco Banzeiro da Esperança, da FAS, ancorado em Belém, com palestras e exibição dos projetos nos dias 17, 18 e 19 de novembro.
Monitoramento do rio Amazonas
O Programa de Monitoramento da Água, Ar e Solos do Estado do Amazonas (ProQAS/AM) realiza uma expedição científica entre Manaus e Belém para avaliar a qualidade das águas amazônicas durante a COP30. O percurso inclui oito cidades ao longo do rio Amazonas, com coletas realizadas antes e depois das áreas urbanas para comparar o impacto da atividade humana nos recursos hídricos. As amostras serão analisadas em laboratórios especializados para verificar níveis de poluição, resíduos e alterações químicas que possam indicar riscos ambientais e à saúde.
Durante a COP30, o barco-laboratório da UEA ficará atracado na Marina Club, ao lado da Universidade Federal do Pará (UFPA), onde a equipe realizará visitas guiadas, palestras e exposições sobre o trabalho desenvolvido, em parceria com a Defensoria Pública do Estado do Amazonas. O projeto é coordenado pelo professor Sergio Duvoisin Jr.
Integração científica na tríplice fronteira
Outra ação que integra o conjunto de projetos levados pela UEA é o Parque Científico e Tecnológico Ambiental Sustentável da Tríplice Fronteira (PaCTAS), coordenado pelo professor Pedro Rapozo, uma iniciativa que promove integração científica, tecnológica e territorial entre Brasil, Peru e Colômbia, com sede em Tabatinga (AM).
O projeto atua como uma rede transfronteiriça de ciência e inovação, reunindo universidades, instituições públicas e privadas, empreendedores e comunidades locais. O objetivo é transformar a Amazônia em produtora de conhecimento e soluções sustentáveis, além de conectar saberes tradicionais e tecnologias modernas.
Justiça climática e protagonismo comunitário
Sob coordenação da professora Adriana Almeida Lima, pesquisadora vinculada ao Programa de Mestrado em Direito Ambiental (PPGDA/UEA), o projeto aprovado para compor a delegação oficial da sociedade civil brasileira na COP30 propõe um modelo inovador de gestão ambiental comunitária baseado em créditos de carbono e justiça climática.
A iniciativa busca transformar comunidades ribeirinhas e tradicionais em protagonistas da conservação ambiental, substituindo práticas assistencialistas por capacitação técnica, governança participativa e geração de renda verde. O modelo será implementado, inicialmente, nos municípios de Careiro da Várzea e Careiro Castanho, onde foram realizados mapeamentos territoriais e capacitação de agentes ambientais locais. Cada árvore conservada ou plantada é identificada por QR Code, garantindo rastreabilidade e transparência na repartição de benefícios.
Com apoio técnico da UEA, Instituto Federal do Amazonas (Ifam) e Universidade Federal do Amazonas (Ufam), o projeto posiciona o Amazonas como referência global em políticas públicas de carbono e inclusão socioambiental.









