Trump acena com trégua: EUA e China voltam à mesa de negociações

Os Estados Unidos e a China voltam a se reunir neste sábado (10), em Genebra, para tentar um novo começo nas relações comerciais estremecidas desde o início do segundo mandato de Donald Trump. O encontro, liderado pelo secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, e pelo negociador Jamieson Greer, com o principal conselheiro econômico chinês, He Lifeng, pode representar o primeiro sinal concreto de distensão após meses de escalada tarifária entre as duas maiores economias do mundo.

A atual política comercial dos EUA, marcada por tarifas de 145% sobre produtos chineses, foi desencadeada no chamado “Dia da Libertação”, quando Trump impôs sanções tarifárias a mais de 180 países. Em resposta, Pequim elevou suas taxas a 125% sobre importações americanas. O movimento acirrou a tensão global e afetou cadeias de suprimento em diversos setores estratégicos.

Apesar do clima bélico, Trump indicou esta semana que estaria aberto a uma revisão parcial das tarifas. Em sua plataforma Truth Social, o presidente norte-americano mencionou que tarifas de 80% sobre produtos chineses seriam “aceitáveis” e delegou a Bessent a responsabilidade pela negociação. Também criticou o fechamento do mercado chinês a produtos norte-americanos, pedindo abertura como contrapartida para qualquer alívio tarifário.

Pequim, por sua vez, sinalizou disposição para negociar, mas exigiu “sinceridade” dos EUA e a revogação de medidas unilaterais como ponto de partida. O Ministério do Comércio da China declarou que Washington precisa corrigir “práticas equivocadas” para que se avance em direção a um acordo duradouro. A mensagem é clara: sem concessões mútuas, não haverá avanço.

A guerra comercial teve seu ápice em abril, quando os EUA impuseram mais 50 pontos percentuais sobre os produtos chineses, elevando a tarifa total a 145%. A China reagiu no mesmo tom, com tarifas também elevadas. Em um movimento estratégico, Trump recuou parcialmente sobre outros países, reduzindo as taxas para 10% por 90 dias — mas manteve a rigidez contra Pequim.

Analistas internacionais acompanham o encontro com cautela, mas reconhecem que o simples retorno ao diálogo já representa uma mudança de tom relevante. Um eventual acordo pode redefinir os fluxos de comércio global e impactar diretamente mercados emergentes como o Brasil, que observa a disputa de perto, tanto como risco quanto como oportunidade.