
O Ministério da Fazenda confirmou nesta quinta-feira (31) que o Tesouro dos Estados Unidos procurou a equipe do ministro Fernando Haddad para agendar uma nova rodada de negociações sobre o tarifaço de 50% imposto às exportações brasileiras.
A iniciativa, vinda da assessoria do secretário Scott Bessent, marca a reabertura formal do canal de diálogo entre os dois países após o endurecimento tarifário anunciado pela gestão Trump.
O último encontro entre Haddad e Bessent havia ocorrido em maio, na Califórnia, antes da oficialização das medidas. Agora, segundo o ministro, o Brasil pretende levar ao governo americano uma argumentação técnica sobre os impactos econômicos e diplomáticos do tarifaço, que atinge parte considerável da pauta de exportações brasileiras, sobretudo no setor mineral.
“Estamos apenas no início, mas já partimos de uma posição mais favorável do que se imaginava. Ainda há muita injustiça a ser reparada”, afirmou Haddad, ao reforçar que cerca de 43% do valor exportado ao mercado norte-americano ficou de fora da medida, o que, segundo ele, abre margem para negociação. Mesmo assim, o impacto será significativo, especialmente sobre segmentos produtivos menores.
Enquanto aguarda a reunião com o Tesouro dos EUA, o governo brasileiro prepara um plano de contingência para os setores afetados. Haddad adiantou que a iniciativa incluirá linhas de crédito e apoio direto a empresas prejudicadas.
“Há setores pequenos que são estratégicos para o Brasil. Eles não movimentam grandes cifras, mas garantem empregos e sustentam cadeias produtivas locais”, ressaltou.
O ministro também rejeitou qualquer tentativa de vincular as negociações econômicas à recente ofensiva de Trump contra ministros do Supremo Tribunal Federal, como Alexandre de Moraes. “O Judiciário brasileiro é independente. Esse tipo de interferência não entra na mesa. Vamos mostrar que o Brasil é uma democracia sólida, e não uma ameaça”, concluiu.