Taxação dos EUA ao Brasil terá impacto irrelevante sobre a ZFM

A decisão do governo dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros deverá ter impacto mínimo sobre a Zona Franca de Manaus (ZFM). Segundo análises técnicas das secretarias estaduais de Desenvolvimento Econômico (Sedecti) e da Fazenda (Sefaz), apenas 0,15% do faturamento do Polo Industrial de Manaus (PIM) está diretamente exposto à medida anunciada pela administração do presidente Donald Trump. O dado reafirma o caráter doméstico da produção local e a baixa dependência do mercado norte-americano.

O secretário de Desenvolvimento, Serafim Corrêa, ressaltou que a medida preocupa o cenário comercial nacional, mas não representa ameaça significativa para o modelo econômico da capital amazonense.

“A ZFM mantém foco no mercado interno, e os efeitos dessa taxação são praticamente nulos para o Polo Industrial de Manaus. Seguimos atentos, mas sem alarde”, afirmou. A exportação total da ZFM representa 1,5% do faturamento do polo, e os EUA respondem por menos de 10% desse volume, segundo dados oficiais.

Além da baixa representatividade, os Estados Unidos ocupam apenas a quinta posição entre os principais destinos de exportação do Amazonas, atrás de Alemanha, China, Argentina e Colômbia.

O governo estadual reforça que a balança comercial entre os EUA e a ZFM é historicamente desfavorável ao Brasil: o Amazonas importa cerca de 20 vezes mais do que exporta para o país norte-americano, o que diminui os riscos de retaliações efetivas.

Apesar da avaliação técnica positiva, a Sedecti e a Sefaz afirmam que continuarão acompanhando os desdobramentos internacionais, com foco na proteção da competitividade da indústria amazonense. A possibilidade de um real desvalorizado diante do dólar, por exemplo, poderia aumentar o custo de insumos importados, impactando diretamente na cadeia produtiva regional.

A Zona Franca de Manaus mantém sua relevância no cenário econômico nacional como polo de geração de empregos, arrecadação e inovação tecnológica. Em um momento de tensões comerciais internacionais, o modelo demonstra resiliência e blindagem parcial a flutuações externas, reforçando seu papel estratégico na região Norte e para o Brasil.