Tarifas elevam incertezas e criam onda de compras nos EUA

Diante do aumento das tensões comerciais e da iminente entrada em vigor de novas tarifas sobre importações, consumidores nos Estados Unidos passaram a estocar produtos básicos, temendo uma escalada inflacionária. Alimentos não perecíveis, itens de higiene e produtos de uso doméstico estão entre os mais procurados. Para muitos, o cenário remete à pandemia, quando houve corrida às prateleiras por receio de desabastecimento.

A apreensão se intensificou após o anúncio de uma nova rodada de tarifas sobre produtos importados. Estimativas da Tax Foundation indicam que essas medidas podem gerar um impacto econômico de US$ 3,1 trilhões em dez anos, com custo adicional de US$ 2.100 por família apenas em 2025. A perspectiva de preços mais altos impulsionou consumidores a agir de forma preventiva.

Especialistas em logística alertam que o movimento ainda é pontual, mas pode crescer rapidamente se houver sinais de escassez ou se os preços subirem abruptamente. “As pessoas lembram da pandemia e não querem ser pegas desprevenidas. Isso reativa um comportamento de estocagem que já vimos antes”, explicou Manish Kapoor, especialista em cadeia de suprimentos.

Relatos de consumidores mostram uma mudança de comportamento. Muitos estão priorizando marcas mais baratas e comprando em grandes volumes. Em cidades como Los Angeles e Nova Jersey, a busca por produtos de longa duração já começa a pressionar a demanda. Profissionais aposentados e famílias de renda fixa relatam dificuldades em manter o orçamento diante dos primeiros aumentos.

Além da preocupação econômica, há um sentimento de insegurança em relação aos rumos da política comercial norte-americana. Para alguns consumidores, as medidas punitivas adotadas contra outros países podem se voltar contra o próprio poder de compra da população. A sensação é de que o cenário ainda pode se deteriorar, especialmente para os mais vulneráveis.

Com uma possível recessão no horizonte, a estratégia de estocar se torna, para muitos, um mecanismo de proteção. Embora ainda distante de uma crise de desabastecimento, o movimento reflete um ambiente de incerteza crescente. Analistas alertam que, sem uma sinalização de estabilidade, o comportamento defensivo pode se intensificar, afetando ainda mais os mercados e a inflação no consumo.