
O discurso do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, nesta sexta-feira (26), transformou-se em um dos episódios mais simbólicos da 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. Assim que o líder subiu à tribuna, dezenas de delegados de diferentes países, incluindo o Brasil, deixaram a sala em protesto contra a ofensiva militar de Israel em Gaza, denunciada por organizações internacionais como genocídio.

Netanyahu foi recebido com aplausos de seus apoiadores, mas também com vaias e um gesto coletivo de rejeição diplomática. “Ordem na sala, por favor!”, pediu o mestre de cerimônia, enquanto as cadeiras ficavam vazias diante do premiê. Ainda assim, o israelense manteve o tom desafiador:
“Os inimigos de Israel são os inimigos de todos. Odeiam-nos de igual forma. Israel luta não apenas por si, mas por todo o mundo”, declarou, elogiando o apoio do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O protesto ecoa uma escalada de tensões no cenário internacional, em meio à atualização de um relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. O documento cita 158 empresas — majoritariamente israelenses, mas também europeias, norte-americanas e asiáticas — ligadas a assentamentos considerados ilegais pelo direito internacional.
“As empresas que atuam em contextos de conflito devem garantir que suas operações não contribuam para violações de direitos humanos”, destacou o órgão em comunicado.
Com a sala praticamente vazia, a fala de Netanyahu tornou-se um retrato da crescente pressão diplomática contra Israel. A saída coordenada das delegações foi interpretada como um gesto de forte condenação política e humanitária, reforçando o isolamento do governo israelense dentro das Nações Unidas.