Proposta de Trump sobre Gaza ameaça solução de dois Estados

O presidente dos EUA, Donald Trump; e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, chegam para uma entrevista coletiva na Casa Branca — Foto: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP

O anúncio do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que o país deveria “assumir” a Faixa de Gaza gerou uma onda de indignação e perplexidade ao redor do mundo. A proposta, que envolve a relocação da população palestina e a reconstrução da região sob domínio americano, foi amplamente condenada por líderes políticos, organizações internacionais e ativistas.

Grupos pró-palestinos reuniram-se em frente à Casa Branca, em Washington, para protestar contra a declaração de Trump. Entre os gritos de revolta, destacavam-se frases como “Donald Trump pertence à prisão!” e “A Palestina não está à venda!”. O movimento de contestação também se espalhou por outras partes do mundo.

O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, classificou o plano como um ato de “limpeza étnica”, alertando que sua implementação tornaria inviável a criação de um Estado palestino. O representante palestino na ONU, Riyad Mansour, reforçou a posição de que a Faixa de Gaza é parte da Palestina e que o desejo dos palestinos de permanecer em sua terra deve ser respeitado.

O governo da Arábia Saudita, por meio de um comunicado oficial, reafirmou seu compromisso com a criação de um Estado palestino independente, tendo Jerusalém Oriental como sua capital. Além disso, autoridades sauditas declararam que não estabelecerão relações diplomáticas com Israel enquanto essa solução não for implementada.

Outros países árabes, incluindo Egito, Jordânia, Emirados Árabes Unidos e Catar, enviaram uma carta conjunta ao secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, enfatizando que qualquer solução para o conflito deve ser baseada na coexistência de dois Estados. A carta também alertava que uma eventual anexação de terras palestinas por Israel tornaria essa solução inviável.

O primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, evitou comentários diretos sobre a proposta de Trump, mas reafirmou o apoio de seu governo à solução de dois Estados. Diplomatas árabes alertaram que a ideia de Trump poderia colocar em risco o frágil cessar-fogo em Gaza e gerar mais instabilidade na região.

Sami Abu Zuhri, alto funcionário do Hamas, classificou a proposta como “uma receita para o caos”, destacando que os habitantes de Gaza resistiriam à tentativa de relocação forçada.

A proposta de Trump gerou forte oposição dentro dos Estados Unidos, especialmente entre congressistas democratas. A deputada Rashida Tlaib acusou o ex-presidente de defender abertamente a “limpeza étnica” e criticou a continuidade do financiamento americano a Israel enquanto políticas desse tipo são promovidas. O senador Chris Murphy classificou a ideia como “uma piada de mau gosto”, alertando para o risco de um novo conflito prolongado no Oriente Médio.

Por outro lado, senadores republicanos evitaram comentários contundentes. O senador Lindsey Graham afirmou que a proposta era “interessante, mas problemática”, enquanto John Cornyn pediu mais tempo para avaliar a questão.

Durante o anúncio, Donald Trump justificou sua proposta afirmando que os Estados Unidos teriam “responsabilidade” sobre Gaza, prometendo reconstruir a região e transformá-la em um polo econômico. Ele também sugeriu a possibilidade de enviar tropas americanas para garantir a segurança da área.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, elogiou Trump, chamando-o de “o maior amigo de Israel na Casa Branca”. Netanyahu também reforçou sua intenção de “terminar o trabalho” em Gaza e garantir a vitória militar de Israel.

Com base nas informações de Globo.com, CNN e Metropoles