A Polícia Federal investiga a rota de fuga do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), que deixou o Brasil clandestinamente em setembro, mês em que foi condenado pela 1ª Turma do STF a 16 anos de prisão por tentativa de golpe, organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Apurações indicam que o parlamentar voou para Boa Vista (RR) e cruzou a fronteira por terra em direção à Venezuela ou à Guiana, utilizando um carro alugado. A fuga ocorreu apesar de a decisão do Supremo ter proibido sua saída do país e determinado a entrega do passaporte. A TV Globo confirmou que sua prisão preventiva já havia sido decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, em decisão sigilosa solicitada pela PF.
O caso se agravou com a revelação de que Ramagem tentou manter atividades parlamentares mesmo no exterior. Documentos enviados à Câmara mostram que, no dia 18 de novembro, ele pediu o uso de roaming internacional para votar remotamente o Projeto Antifacção — procedimento proibido pelas regras internas da Casa. Sem qualquer missão oficial autorizada e sem comunicação formal sobre deslocamento internacional, Ramagem apresentou sucessivos atestados médicos para justificar ausências entre setembro e dezembro, enquanto o processo tramita na fase de recursos no Supremo.
A condenação consolidou o entendimento de que Ramagem utilizou a Agência Brasileira de Inteligência — que dirigiu no governo Bolsonaro — para monitorar adversários políticos e alimentar ataques ao sistema eleitoral, integrando o núcleo estratégico da trama golpista. Agora, com indícios robustos de fuga internacional, a PF trabalha no rastreamento da rota utilizada e prepara os próximos passos, que podem incluir cooperação com autoridades estrangeiras para localizar e capturar o parlamentar.
