A Operação Compliance Zero, deflagrada pela Polícia Federal, apreendeu cerca de R$ 230 milhões em joias, carros de luxo, obras de arte, dinheiro vivo e até uma aeronave avaliada em R$ 200 milhões, todos vinculados a suspeitos de fraudes envolvendo o Banco Master e o Banco de Brasília (BRB). O principal alvo é Daniel Vorcaro, dono do Master, preso ao tentar deixar o país.

O esquema investigado envolve a venda de títulos de crédito falsos e a oferta de CDBs com promessa de rendimentos artificiais, chegando a 40% acima da taxa básica do mercado. De acordo com a PF, o golpe pode ter movimentado até R$ 12 bilhões, atingindo fundos de previdência de diversos estados e municípios.
Entre eles está o Amazonprev, responsável pela previdência dos servidores do Amazonas, que aparece na lista de instituições que realizaram aportes no banco — motivo que elevou a preocupação entre gestores públicos.
A PF reforça que o Banco Master vendia papéis sem lastro real, gerando prejuízo direto a fundos que buscavam investimentos de renda fixa. No Amazonas, o caso reacende o debate sobre critérios de segurança e fiscalização na aplicação de recursos previdenciários, já que o Amazonprev administra montantes estratégicos para milhares de servidores ativos e inativos.
O balanço da operação mostra a grandiosidade do esquema: R$ 9,2 milhões em veículos, R$ 6,15 milhões em relógios de alto padrão, R$ 380 mil em joias, R$ 12,4 milhões em obras de arte, além de R$ 2 milhões em dinheiro vivo. A aeronave apreendida, usada por Vorcaro, sozinha representa quase a totalidade do valor bloqueado.
Veja itens apreendidos e valor estimado
- Veículos: R$ 9,2 milhões
- Dinheiro em espécie: R$ 2 milhões
- Relógios: R$ 6,15 milhões
- Joias: R$ 380 mil
- Obras de arte: R$ 12,4 milhões
- Aeronave: R$ 200 milhões
A Justiça Federal decidiu manter a prisão do empresário. A desembargadora Solange Salgado, do TRF1, negou o pedido de liberdade apresentado pela defesa. A decisão ocorre em meio à liquidação extrajudicial do Banco Master, decretada pelo Banco Central, que também tornou indisponíveis os bens dos ex-administradores da instituição.
A prisão de Vorcaro aconteceu horas depois de um consórcio liderado pela Fictor Holding Financeira anunciar a compra do Master — negociação interrompida automaticamente após a liquidação extrajudicial. Segundo o BC, a gravidade das irregularidades impedia qualquer operação de transferência de controle.
Para a PF, o caso mostra um dos maiores esquemas financeiros recentes no país, com impacto direto para fundos públicos de previdência. A expectativa é de que novas fases da investigação detalhem a extensão do prejuízo e identifiquem responsáveis em diversos níveis da cadeia financeira.