Papa Francisco condena “economia que mata” em meditação da Via Sacra

Foto Ciro de Luca

Em meditações escritas para a tradicional Via Sacra desta Sexta-Feira Santa (18), o papa Francisco criticou duramente os efeitos desumanizantes do sistema econômico global, que classificou como “uma economia que mata”. Ausente do Coliseu de Roma por recomendação médica, Francisco delegou a condução da cerimônia ao cardeal Baldassare Reina, Vigário de Roma, mas deixou marcada sua mensagem de denúncia e esperança.

Nas 14 estações da Paixão de Cristo, o pontífice propôs uma reflexão sobre a contradição entre a lógica do Evangelho e a frieza dos sistemas de poder:

“Construímos um mundo de cálculos e algoritmos, de lógica fria e interesses implacáveis”, escreveu. Em contraponto, defendeu “a economia de Deus, que não mata, não descarta, não esmaga. É humilde, fiel à terra”.

As orações intercaladas por Francisco evocam temas como migração, justiça social e reconciliação. Em uma delas, ele roga por “aqueles que, nas fronteiras, sentem que sua viagem terminou”. Em outra, pede que Cristo “conceda à sua Igreja a paz e a unidade”, reconhecendo as feridas da história e as fragilidades do amor humano.

Na última estação, o papa amplia sua prece ao mundo:

“Que a vossa paz chegue aos justos e injustos, aos invisíveis, aos que não têm poder nem dinheiro. Que a vossa paz chegue para aqueles que esperam por um renascimento justo”. A invocação final traz as palavras de São Francisco, clamando por “conversão do coração”.

Esta é a terceira vez consecutiva que Francisco não participa presencialmente da Via Sacra no Coliseu. Aos 88 anos, ele se recupera de uma infecção respiratória que o manteve internado por 38 dias no Hospital Gemelli, em Roma. A ausência, desta vez planejada, não impediu que sua voz ecoasse com força no cenário de incertezas globais.

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