Netanyahu desafia Ocidente e promete barrar criação de Estado palestino

Foto: divulgação wikipedia

Em um tom de confronto direto, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, enviou uma mensagem em vídeo a líderes do Ocidente para afirmar que não haverá a criação de um Estado palestino. O recado foi direcionado, sobretudo, ao Reino Unido, Canadá e Austrália, que formalizaram recentemente o reconhecimento da Palestina após os ataques de 7 de outubro de 2023.

“Tenho uma mensagem clara para os líderes que reconhecem um Estado palestino: vocês estão oferecendo uma enorme recompensa ao terrorismo. Nenhum Estado palestino será criado a oeste do Jordão”, declarou o premiê. A fala foi acompanhada de um anúncio de endurecimento: a expansão dos colonatos judeus na Cisjordânia ocupada.

Netanyahu recordou que, ao longo dos últimos anos, resistiu a pressões internas e externas para aceitar a solução de dois Estados. “Duplicamos os colonatos na Judeia e Samaria e continuaremos nesse caminho”, afirmou, utilizando a denominação bíblica com que Israel se refere ao território da Cisjordânia. O líder prometeu revelar uma “resposta concreta” após seu retorno dos Estados Unidos.

A ida de Netanyahu a Nova York será marcada por sua participação na 80ª Assembleia Geral da ONU e por um encontro com o presidente americano Donald Trump. O momento coincide com uma conferência internacional promovida pela França e pela Arábia Saudita, que pretende formalizar o reconhecimento do Estado palestino com apoio de países europeus como Bélgica, Luxemburgo e Malta.

Antes mesmo da mensagem do primeiro-ministro, o governo israelense havia rejeitado de forma categórica a decisão unilateral desses países. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores classificou o reconhecimento como “um golpe contra a paz” e “um incentivo ao terrorismo”. A chancelaria ainda acusou a Autoridade Palestina de ser “parte do problema” por não combater de forma eficaz grupos armados.

Em paralelo, a diplomacia israelense utilizou as redes sociais para atacar Londres. No X, antigo Twitter, o governo descreveu a medida britânica como “recompensa para o jihadista Hamas” e advertiu que a decisão mina qualquer chance de negociação. Segundo o comunicado, o próprio Hamas teria admitido que o reconhecimento internacional foi fruto direto dos atentados de 2023.

A disputa diplomática deve se intensificar nesta semana em Nova York. Enquanto a França e aliados europeus ampliam o bloco favorável à criação de um Estado palestino, Netanyahu chega à ONU com o discurso de resistência, prometendo não ceder em seu projeto de expansão territorial e garantindo que Israel não aceitará a divisão de seu território histórico.

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