O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa, nesta sexta-feira (22), em Bogotá, da cúpula da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), que reúne oito países da região. O Brasil articula para que a declaração final reforce que o combate ao tráfico de drogas, ao garimpo ilegal e à exploração de madeira deve ser responsabilidade exclusiva dos próprios países amazônicos.
A iniciativa é vista como uma resposta indireta ao envio de navios militares dos Estados Unidos ao Caribe, anunciado pelo presidente Donald Trump sob o argumento de enfrentar cartéis de drogas latino-americanos. Embora não seja o tema central da reunião, o movimento norte-americano deve aparecer na declaração final da OTCA, em tom coletivo e sem confrontos diretos com Washington.
Segundo integrantes do governo brasileiro, a estratégia é evitar uma manifestação unilateral de Brasília que poderia ampliar tensões diplomáticas já agravadas pelo tarifaço americano. A ideia é simbolicamente esvaziar os argumentos de Trump e reafirmar a soberania regional, sem provocar uma escalada. A avaliação no Planalto é de que apenas uma invasão de águas venezuelanas justificaria uma resposta mais dura.
Além da questão militar, a cúpula tem como prioridade alinhar posições para a COP30, que será realizada em novembro no Brasil. O encontro busca fortalecer a atuação conjunta dos países amazônicos em pautas ambientais, de segurança e desenvolvimento sustentável. Para o governo brasileiro, a unidade diplomática é essencial para equilibrar pressões externas e preservar a autonomia da região.