
A cantora Nana Caymmi morreu nesta quinta-feira (1º), aos 84 anos, no Rio de Janeiro. Filha primogênita do mestre Dorival Caymmi e da cantora Stella Maris, Nana construiu uma das carreiras mais respeitadas da música brasileira, marcada por interpretações intensas e personalidade franca. Internada há nove meses na Clínica São José, em Botafogo, ela enfrentava complicações de saúde. Segundo o irmão Danilo Caymmi, a artista sofreu uma overdose de opioides, embora a causa oficial da morte ainda não tenha sido divulgada.
Nascida Dinahir Tostes Caymmi em 1941, Nana iniciou sua trajetória artística ao lado do pai, ainda na adolescência, e rapidamente mostrou sua força vocal em canções como “Resposta ao Tempo” e “Atrás da Porta”. Teve vida pessoal conturbada, com dois casamentos, incluindo um com Gilberto Gil, e momentos de reclusão, mas nunca se afastou da arte. Gravou álbuns marcantes nos anos 1970 e 1980 e brilhou no repertório de boleros e na MPB clássica.
Fiel ao próprio gosto, a cantora nunca cedeu às pressões comerciais. “Não pisei na bola no meu repertório”, disse em uma de suas últimas entrevistas. Mesmo afastada dos palcos desde 2016, seguiu gravando e foi indicada ao Grammy Latino em 2019 e 2021. Com sua partida, o Brasil se despede de uma intérprete visceral, herdeira e guardiã de uma linhagem musical que moldou a identidade da MPB.