Morre Mino Carta, fundador da Carta Capital e ícone do jornalismo brasileiro

Jornalista Mino Carta, fundador da revista Carta Capital. — Foto- Divulgação:Carta Capital

O jornalista Mino Carta, fundador e diretor de redação da revista Carta Capital, morreu nesta terça-feira (2), aos 91 anos, em São Paulo. Ele estava internado no Hospital Sírio-Libanês e, segundo a publicação, enfrentava complicações de saúde em sucessivas internações. O velório ocorre ainda hoje no Cemitério São Paulo, em Pinheiros, na Zona Oeste da capital.

Nascido em Gênova, na Itália, e radicado no Brasil desde a juventude, Mino foi um dos nomes mais influentes do jornalismo brasileiro no século 20. Criou e dirigiu algumas das principais revistas do país, entre elas Quatro Rodas (1960), Veja (1968), IstoÉ (1976) e, posteriormente, a Carta Capital (1994), publicação que completou 31 anos em 2025 e que o jornalista considerava sua maior realização.

Ao longo da carreira, Mino Carta esteve à frente também do inovador Jornal da Tarde (1966) e não recuou diante de embates com a ditadura militar, período em que enfrentou censura e pressões após reportagens sobre tortura. Mesmo projetos que não prosperaram, como o Jornal da República (1979), tornaram-se referência no debate sobre a imprensa e a abertura política.

Além do jornalismo, dedicou-se à literatura com obras como Castelo de Âmbar (2000), A Sombra do Silêncio (2003) e A Vida de Mat (2016), onde mesclava memórias e reflexões filosóficas. Mantinha ainda uma relação próxima com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem entrevistou em 1978, quando o então sindicalista ganhava projeção nacional.

A morte do jornalista repercutiu amplamente. O vice-presidente Geraldo Alckmin destacou nas redes sociais a relevância de sua trajetória:

“O Brasil perdeu hoje um de seus maiores jornalistas. Mino Carta dedicou toda sua vida à criação e ao desenvolvimento de publicações que fizeram história na imprensa brasileira, dando voz à defesa dos valores democráticos”.