
O escritor amazonense Milton Hatoum foi eleito, nesta quinta-feira (14/8), para a cadeira 6 da Academia Brasileira de Letras (ABL), com 33 dos 34 votos possíveis, tornando-se o primeiro representante do Amazonas a integrar a instituição. Ele sucede o jornalista e escritor Cícero Sandroni, falecido em junho deste ano. O Governo do Estado parabenizou Hatoum, destacando o feito como um marco histórico para a cultura e a literatura do Amazonas.
Além de romancista, Hatoum é contista, ensaísta, tradutor e professor universitário. Seu primeiro romance, Relato de um Certo Oriente (1989), publicado pela Companhia das Letras, venceu o Prêmio Jabuti de Melhor Romance e ganhou adaptação para o cinema. Reconhecido também por obras como Dois Irmãos e Cinzas do Norte — vencedoras de prêmios nacionais e internacionais — o autor ultrapassa a marca de 500 mil exemplares vendidos, com livros traduzidos para 17 países.
A eleição foi celebrada por acadêmicos e escritores. O presidente da ABL, Merval Pereira, classificou Hatoum como “o maior escritor brasileiro vivo” e “romancista de primeira ordem”. O acadêmico Ruy Castro o definiu como “grande romancista e representante de uma geração de ficcionistas” que amplia a diversidade da Academia. Miriam Leitão destacou que ele traz “todos os ecos do Brasil, especialmente da Amazônia”, enquanto Lilia Schwarcz ressaltou sua “voz cidadã e ética” e o trabalho de incentivo à literatura nas escolas.
Nascido em Manaus, em 1952, filho de pai libanês e mãe amazonense, Hatoum mudou-se para Brasília em 1968 e formou-se em arquitetura pela Universidade de São Paulo (USP), sob orientação do geógrafo Milton Santos. Atuou como professor de história da arquitetura e traduziu obras de autores como Marcel Schwob, Edward Said e Gustave Flaubert. Em outubro, lançará Dança de Enganos, último livro da trilogia O Lugar Mais Sombrio, inspirada no período da ditadura militar.
Com a eleição, Milton Hatoum se junta ao seleto grupo dos “imortais” da ABL, levando para a instituição a força e a riqueza da literatura produzida na Amazônia.