Lula reforça aliança estratégica com China e critica guerras e protecionismo

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a cerimônia de boas-vindas, no Grande Palácio do Povo. — Foto: Ricardo Stuckert/ Presidência da República

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (13), em Pequim, que a parceria entre Brasil e China “nunca foi tão necessária”. Ao lado do presidente Xi Jinping, Lula defendeu o multilateralismo, criticou guerras comerciais e reiterou sua posição contrária aos conflitos na Ucrânia e na Faixa de Gaza. A visita oficial resultou na assinatura de 20 acordos bilaterais e no anúncio de R$ 27 bilhões em investimentos chineses no Brasil.

Para Lula, o atual cenário internacional exige “reformas profundas na ordem global” e maior cooperação entre países em desenvolvimento. “Guerras comerciais não têm vencedores”, disse, ao defender um sistema de trocas pautado pelas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). Xi Jinping reforçou o discurso, destacando que “China e Brasil vão defender juntos o livre comércio e o sistema multilateral”.

A viagem ocorre em um contexto de trégua na guerra comercial entre Estados Unidos e China, e também de tentativas do Brasil de eliminar tarifas impostas ao aço e alumínio durante o governo Trump. Lula e Xi realizaram seu terceiro encontro presencial desde 2023, aprofundando os laços entre os dois maiores países do hemisfério sul e asiático, respectivamente.

Além das questões comerciais, Lula criticou duramente os conflitos em andamento, especialmente a guerra na Ucrânia e os ataques a Gaza. “Superar a insensatez dos conflitos armados é pré-condição para o desenvolvimento”, declarou. Ele voltou a defender uma solução política negociada entre Rússia e Ucrânia e reforçou a proposta de reconhecimento do Estado palestino, com base na coexistência com Israel.

Entre os investimentos anunciados, destacam-se R$ 6 bilhões da montadora GAC, R$ 5 bilhões da plataforma de delivery Meituan, e R$ 3 bilhões da CGN para energia renovável no Piauí. Há ainda projetos industriais com emissão neutra de carbono, a entrada da rede Mixue no mercado brasileiro e a compra de uma mina de cobre em Alagoas por uma mineradora chinesa.

A delegação brasileira contou com 11 ministros, parlamentares, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e cerca de 200 empresários. Além de Pequim, a comitiva esteve em Moscou, onde Lula se reuniu com Vladimir Putin e defendeu um cessar-fogo imediato na Ucrânia, proposta ainda sem adesão prática por parte da Rússia.

A ofensiva diplomática e econômica liderada por Lula fortalece a posição brasileira como articulador de alianças no sul global. Ao mesmo tempo, revela o esforço do governo em reposicionar o país como agente ativo nas discussões sobre paz, comércio e sustentabilidade em um mundo cada vez mais fragmentado.

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