Lula reage ao tarifaço dos EUA e defende moeda alternativa ao dólar

Foto Marcelo Camargo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste domingo (3) que o Brasil não deve abrir mão da busca por uma alternativa ao dólar para realizar transações comerciais internacionais. A declaração foi dada durante discurso na convenção do Partido dos Trabalhadores (PT), em Brasília, após os Estados Unidos imporem uma tarifa de 50% sobre cerca de 36% das exportações brasileiras.

“Eu não vou abrir mão de achar que a gente precisa construir uma moeda alternativa para negociar com outros países. Eu não preciso ficar subordinado ao dólar”, declarou Lula, em referência à proposta em discussão entre os países do Brics.

Embora o governo norte-americano não tenha citado diretamente a substituição do dólar como motivação para o tarifaço, analistas apontam que o tema discutido no Brics teria sido um dos principais incômodos para o presidente Donald Trump. Durante a cúpula do bloco em julho, no Rio de Janeiro, Trump criticou a ideia de uma nova moeda e prometeu retaliar países que adotassem medidas nesse sentido.

No discurso, Lula afirmou que o Brasil não busca confronto, mas exige respeito. “Nós não somos uma republiqueta. Temos interesses econômicos e estratégicos. Queremos crescer e negociar em igualdade de condições”, disse o presidente. Ele também classificou como “inaceitável” a tentativa de usar questões políticas para impor sanções econômicas, numa referência indireta à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe — um dos argumentos usados por Trump.

Apesar das críticas, Lula reforçou que o Brasil mantém disposição para o diálogo.

“O Brasil hoje tem uma relação comercial muito mais ampla e não é tão dependente dos Estados Unidos como já foi. Mas a relação diplomática com os EUA, que já dura 201 anos, deve ser preservada”, afirmou.

O governo brasileiro também anunciou que está elaborando um pacote de medidas, com linhas de crédito específicas, para apoiar empresas atingidas pela taxação. O presidente ainda destacou que propostas de negociação já foram apresentadas ao governo norte-americano pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.

Na última sexta-feira (1º), Donald Trump indicou estar aberto a conversar com Lula. Representantes da Secretaria do Tesouro dos EUA já entraram em contato com o Ministério da Fazenda, iniciando formalmente o processo de negociação.

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