Lula apoia Dinamarca e condena tentativa dos EUA de anexar a Groenlândia

Presidente Lula. Foto: Rafa Neddermeyer

Presidente brasileiro reforça compromisso com a soberania territorial e o multilateralismo em conversa com premiê dinamarquesa

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou apoio à Dinamarca nesta sexta-feira (11), diante das ameaças de anexação da Groenlândia pelos Estados Unidos. A manifestação ocorreu durante uma ligação oficial com a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, com quem Lula discutiu temas geopolíticos e econômicos, incluindo a importância da soberania dos territórios autônomos.

A Groenlândia, território dinamarquês no Ártico, tem sido alvo de declarações insistentes do presidente norte-americano, Donald Trump, que alega interesse estratégico e de segurança internacional para justificar a intenção de anexação. A proposta é rechaçada tanto pelo governo da Dinamarca quanto por lideranças regionais da Groenlândia, que denunciam interferência estrangeira.

Durante o diálogo, Lula reiterou que o Brasil defende o princípio da autodeterminação dos povos e a integridade territorial das nações. Segundo nota oficial do Palácio do Planalto, o presidente brasileiro considera a pressão dos EUA como uma afronta ao multilateralismo e às normas internacionais.

A Groenlândia possui apenas 56 mil habitantes em um território de 2 milhões de km², dos quais 80% estão cobertos por gelo. Apesar de buscar maior autonomia, a ilha segue financeiramente vinculada à Dinamarca. Nenhum dos partidos políticos locais apoia a proposta de aproximação com os Estados Unidos, embora defendam a independência em médio ou longo prazo.

Outro ponto debatido entre Lula e Frederiksen foram as recentes alterações tarifárias promovidas pelos EUA. Ambos os líderes destacaram a necessidade de proteger o comércio internacional e defender os princípios do multilateralismo frente ao crescente protecionismo global.

Na ligação de cerca de 40 minutos, os chefes de Estado também reforçaram o compromisso conjunto para concluir o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, que já se arrasta há mais de duas décadas. O Brasil assumirá a presidência do bloco sul-americano no segundo semestre, período em que a Dinamarca também presidirá o Conselho da União Europeia.

Ao final da conversa, Lula renovou o convite para que a primeira-ministra dinamarquesa visite o Brasil ainda este ano. A expectativa é que Frederiksen participe da COP30, marcada para novembro em Belém (PA), além da Cúpula Brasil-União Europeia, cuja data será anunciada em breve.