Istambul vira palco de nova tentativa de paz entre Rússia e Ucrânia

Recorte de Tela - reproduçao televisonada do Ministério das Relações Exteriores da Russia via Telegram

As delegações da Rússia e da Ucrânia retomaram, nesta segunda-feira (2), as negociações diretas em Istambul, na Turquia, em meio a uma nova escalada de violência no campo de batalha. O encontro ocorre apenas um dia após Kiev ter realizado seu maior ataque com drones contra aeródromos militares russos desde o início do conflito, e horas depois de bombardeios russos terem atingido regiões ucranianas.

A ofensiva ucraniana atingiu quatro bases aéreas russas, incluindo instalações estratégicas na Sibéria, segundo o Serviço de Segurança Ucraniano (SBU). Moscou afirma ter abatido 162 drones nas regiões fronteiriças de Kursk e Belgorod, enquanto denuncia o ataque como uma provocação. Em resposta, forças russas lançaram novos bombardeios sobre cidades ucranianas como Zaporizhzhia e Sumy, que deixaram ao menos cinco mortos e seis feridos, entre eles duas crianças.

As conversações em Istambul reúnem representantes diplomáticos das duas nações com apoio da Turquia e observação atenta dos Estados Unidos. Segundo fontes de Washington, o secretário de Estado Marco Rubio e o chanceler russo Sergei Lavrov discutiram por telefone, nesta manhã, possíveis caminhos diplomáticos. A posição de Donald Trump, segundo os EUA, é clara: alcançar uma “paz duradoura” sem comprometer os interesses estratégicos norte-americanos na região.

Apesar do retorno à mesa de negociações, as perspectivas de avanço são limitadas. A Ucrânia exige um cessar-fogo completo e a devolução de prisioneiros de guerra e crianças transferidas à força para o território russo. O presidente Volodymyr Zelensky voltou a pedir um encontro direto com Vladimir Putin, ideia que o Kremlin rejeita veementemente.

A Rússia, por sua vez, mantém posições consideradas inaceitáveis por Kiev e pelo Ocidente. Moscou insiste que qualquer acordo deve incluir a renúncia ucraniana à entrada na Otan e o reconhecimento da anexação de cinco regiões ocupadas. O governo ucraniano, respaldado por aliados ocidentais, exige a retirada total das tropas russas como condição mínima para um cessar-fogo.

Com o campo de batalha em chamas e as exigências ainda inconciliáveis, o encontro em Istambul parece, por ora, mais um capítulo de desgaste diplomático do que uma chance real de paz. Ainda assim, o reinício do diálogo é visto como um sinal de que, apesar da violência crescente, nenhuma das partes fechou completamente a porta para uma solução política.