Isolado por Trump, Brasil enfrenta impasse econômico com tarifaço dos EUA

O governo brasileiro enfrenta crescentes dificuldades para conter os impactos do tarifaço de 50% que os Estados Unidos planejam impor sobre produtos nacionais a partir de 1º de agosto.

Apesar das tentativas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de abrir diálogo com a Casa Branca, o presidente Donald Trump se recusa a negociar diretamente, segundo fontes ouvidas pelo g1. A decisão, com forte motivação geopolítica, ameaça setores estratégicos da economia brasileira e evidencia o enfraquecimento das relações comerciais entre os dois países.

Lula desabafou nesta semana que Trump “não quer conversar”, revelando frustração com a ausência de canais diretos. Mesmo com tratativas diplomáticas em curso, a política comercial dos EUA tem sido conduzida com centralização extrema, dificultando o acesso às instâncias decisórias.

A estratégia americana tem se moldado não apenas por interesses econômicos, mas também por disputas geopolíticas, sobretudo em relação à influência chinesa na América do Sul e ao interesse norte-americano nas terras raras brasileiras.

Especialistas em comércio internacional apontam que o Brasil ainda não conseguiu estabelecer uma frente técnica e estratégica sólida para negociar com o governo americano. O envio de senadores a Washington nesta sexta-feira (25) foi classificado como uma tentativa descoordenada e ineficaz.

“Não há visão consolidada de barganha. O governo brasileiro tem quadros capacitados, mas carece de direção estratégica”, avaliou Alberto Pfeifer, da USP.

O vice-presidente Geraldo Alckmin chegou a conversar com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, reforçando o interesse do Brasil em evitar a elevação tarifária. No entanto, sem acesso direto a Trump — que trata temas comerciais como extensão de sua política externa — o esforço pode se revelar insuficiente.

Analistas afirmam que a resistência norte-americana em dialogar se deve a uma lógica unilateral de negociação.

“Para Trump, não há espaço para acordos ganha-ganha”, afirma Leandro Lima, da FGV.

O cenário projeta um agravamento das tensões comerciais e pode comprometer setores como o agronegócio, principal motor do PIB brasileiro, que hoje depende das exportações para manter sua competitividade.