Irã admite danos graves em usinas nucleares e rompe cooperação com agência da ONU

Security Council Meets on Situation in Middle East, Including Palestinian Question.

A crise nuclear entre Estados Unidos e Irã atingiu um novo patamar nesta quarta-feira (25), com a confirmação por Teerã de que suas instalações nucleares sofreram “danos sérios” após os bombardeios realizados pelos EUA no fim de semana. A declaração foi feita pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Esmail Baghaei, que admitiu à emissora Al Jazeera que os efeitos dos ataques foram “grandes” e que detalhes técnicos não seriam divulgados por questões de segurança.

As ofensivas militares, justificadas por Washington como uma resposta proporcional à ameaça representada pelo programa nuclear iraniano, visaram complexos estratégicos como a usina de Fordow, cuja destruição foi comparada pelo presidente Donald Trump aos bombardeios de Hiroshima. Segundo Trump, os ataques “acabaram com a guerra” e impediram o avanço do Irã na produção de armamentos nucleares.

No Conselho de Segurança da ONU, a embaixadora interina dos EUA, Dorothy Shea, afirmou que os bombardeios tiveram como objetivo “degradar a capacidade do Irã de produzir uma arma nuclear” e foram conduzidos sob o direito à autodefesa coletiva, previsto na Carta das Nações Unidas. Israel, aliado direto na ação, reforçou que os alvos visavam conter uma ameaça iminente. “Conseguimos eliminar a ameaça que tínhamos”, declarou o embaixador israelense Danny Danon.

Em resposta, o Irã anunciou a suspensão imediata da cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão das Nações Unidas responsável pela fiscalização de programas nucleares. O parlamento iraniano aprovou uma legislação emergencial que interrompe toda colaboração com a agência até que, segundo o presidente da casa legislativa, Mohammad Bagher Ghalibaf, “a segurança das instalações nucleares seja garantida”.

A decisão iraniana foi criticada pelo diretor da AIEA, Rafael Grossi, que expressou preocupação com a integridade das instalações e a ausência de acesso para verificação dos danos. Em Moscou, o Kremlin declarou apoio ao Irã, culpando os EUA pelos desdobramentos.

“Esta decisão é uma consequência direta dos ataques sem precedentes contra instalações nucleares”, afirmou o porta-voz russo Dmitry Peskov.

O episódio marca uma ruptura significativa nas tentativas diplomáticas de controle e fiscalização do programa nuclear iraniano, alimentando o temor de uma escalada regional. Analistas alertam que os próximos dias serão decisivos para avaliar se o cessar-fogo entre Irã e Israel se mantém ou se o Oriente Médio entrará em uma nova fase de instabilidade.