
A nova fase da Operação Compliance Zero expôs um dos maiores esquemas financeiros recentes envolvendo o Banco Master e o Banco de Brasília (BRB). A Polícia Federal prendeu, nesta terça-feira (18), o CEO do Master, Daniel Vorcaro, após a descoberta de ao menos 20 contratos falsificados utilizados para justificar a transferência de R$ 12,2 bilhões do BRB ao banco privado entre janeiro e maio de 2025. A investigação aponta que os documentos foram criados após a pressão do Banco Central (BC), que exigiu comprovação das operações durante auditoria relacionada à compra do Master.
Segundo fontes ligadas ao caso, parte dos títulos foi registrada em um único dia em um cartório de São Paulo, levantando suspeitas imediatas sobre a autenticidade. Dos valores transferidos, R$ 6,7 bilhões teriam sido “regularizados” com contratos forjados, enquanto outros R$ 5,5 bilhões foram classificados como prêmios internos. A primeira tentativa de justificar o montante envolveu supostos créditos consignados de duas associações de servidores da Bahia, que sequer possuíam atividade financeira compatível com a emissão dos títulos apresentados.
Com a versão desmontada pelo BC, Master e BRB teriam adquirido uma empresa de fachada — rebatizada como Tirreno — para fabricar uma nova leva de documentos fictícios entre abril e maio deste ano. Em depoimentos, o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, assumiu ter conduzido a operação sem análise técnica ou comunicação interna, mas teve apenas o afastamento determinado pela Justiça. As prisões preventivas atingiram exclusivamente dirigentes e funcionários ligados ao Banco Master.
A apuração também revelou que as irregularidades não se limitaram a 2025. Técnicos do Banco Central identificaram que, ao longo de 2024, o BRB já vinha repassando recursos indevidos ao Master. A PF e o Ministério Público agora buscam determinar o valor total desviado e investigam ainda 100 contratos de crédito consignado falsificados com CPFs repetidos e operações anteriores suspeitas. A liquidação do Master e a quebra de sigilo dos bancos devem consolidar o tamanho real do rombo.