
O setor de café dos Estados Unidos enfrenta turbulências desde a adoção da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, imposta em agosto pelo governo de Donald Trump. Tradicional fornecedor de um terço do café consumido no país, o Brasil viu parte de suas exportações paralisadas, contratos cancelados e preços ao consumidor norte-americano dispararem até 40%.
Para reduzir os prejuízos, importadoras começaram a buscar alternativas logísticas. A empresa Lucatelli Coffee, por exemplo, decidiu redirecionar um carregamento de US$ 720 mil de café brasileiro ao Canadá, onde a tributação é menor. O produto foi armazenado temporariamente na Flórida, enquanto a companhia avalia se manterá o redirecionamento definitivo.
“É um dilema: esperar por um acordo comercial ou pagar caro para redirecionar o café”, afirmou o empresário Steven Walter Thomas.
O impacto da medida já atinge toda a cadeia produtiva. Torrefadoras nos Estados Unidos, como a Downeast Coffee Roasters, informaram que seus estoques estão em queda e que o cancelamento de pedidos do Brasil custou entre US$ 20 e US$ 25 por saca de 60 quilos. Com isso, empresas começaram a testar grãos de outros países, como Colômbia e México, embora com custos até 10% mais altos.
Enquanto o café brasileiro acumula desvalorização de cerca de 5% no mercado internacional, o preço do produto no varejo americano segue em alta. Dados do governo dos EUA mostram que o café torrado e moído ficou 41% mais caro em setembro, em comparação com o mesmo período do ano passado. A alta reflete tanto os efeitos da tarifa quanto o impacto das safras reduzidas por problemas climáticos.
Com o aumento dos preços, consumidores norte-americanos relatam mudanças nos hábitos de compra.
“Não olho mais para as marcas, só para as promoções”, disse Sherryl Legyin, moradora de Nova Jersey. Outros, como Yasmin Vazquez, notam o impacto direto no bolso: “Meu café preferido custava US$ 6, agora está US$ 11 — e parece que a embalagem ficou menor.”









