
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, garantiu nesta segunda-feira (19/5) que os recentes focos de gripe aviária registrados no Rio Grande do Sul não devem causar impacto significativo no preço da carne de frango no mercado interno. Apesar da suspensão das exportações para 17 mercados, Fávaro avalia que a estrutura da cadeia produtiva brasileira, aliada ao consumo doméstico estável, assegura a manutenção dos preços.
“Acredito em variações pontuais por excesso de oferta nos primeiros dias, mas há redirecionamento natural e a tendência é de estabilidade. Temos experiência com casos semelhantes, como a doença de Newcastle, que mostrou impacto limitado nos preços”, explicou o ministro durante coletiva de imprensa. Ele também destacou que cerca de 70% da produção nacional de frango é consumida no próprio Brasil, o que ajuda a equilibrar a oferta.
Maior exportador global de carne de frango, o Brasil comercializou 5,2 milhões de toneladas do produto em 2024, gerando uma receita de US$ 9,9 bilhões. Os principais destinos incluem China, Japão, Arábia Saudita e União Europeia. As regiões Sul e Sudeste concentram mais de 75% das exportações, com o Rio Grande do Sul sendo um dos estados mais afetados pelas restrições temporárias.
O Ministério da Agricultura apura sete casos suspeitos da doença em diferentes estados, mas apenas dois focos foram confirmados: um em uma granja comercial em Montenegro e outro em um zoológico em Sapucaia do Sul, ambos na região metropolitana de Porto Alegre. Segundo o ministério, o controle territorial está sendo rigoroso, com ações de contenção em um raio de até 10 km dos focos.
As exportações de frango foram suspensas por sete países que notificaram formalmente o governo brasileiro, entre eles México, Coreia do Sul e Canadá. Outros dez mercados interromperam embarques com base em acordos bilaterais, como a União Europeia, China e Rússia. Em contrapartida, parte das suspensões são restritas apenas ao estado do Rio Grande do Sul, o que reduz o impacto sobre os embarques nacionais.
Carlos Fávaro reforçou que o país está preparado para responder de forma eficiente à crise sanitária. Desde maio de 2023, o Brasil realizou mais de 2 mil investigações sobre gripe aviária e é o único país com um painel de monitoramento atualizado em tempo real.
“Esse nível de transparência é fundamental para mantermos a confiança internacional. O sistema de defesa agropecuária do Brasil é um dos mais sólidos do mundo”, afirmou.
Já o secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart, informou que mais de 310 propriedades já foram visitadas apenas na região de Montenegro. Cerca de 17 mil aves foram sacrificadas e 70 mil ovos destruídos. O governo também está rastreando 30 milhões de ovos férteis distribuídos a partir da granja infectada nas últimas quatro semanas, com ações de contenção em andamento.
A expectativa do governo federal é que, após um ciclo de 28 dias sem novos casos, o Brasil possa fazer uma autodeclaração de erradicação à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). A partir daí, os países parceiros devem retirar gradualmente as restrições, minimizando os prejuízos econômicos e assegurando a continuidade do fluxo comercial internacional da proteína avícola brasileira.