Um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) revelou que cidades do interior do Nordeste concentram os maiores índices de descontos irregulares nas aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Em alguns municípios, mais de 60% dos beneficiários sofreram cobranças não autorizadas. O levantamento integra a investigação da Polícia Federal que desencadeou a Operação Sem Desconto, na última semana.
De acordo com a apuração, entre 2019 e 2024, os descontos aplicados por entidades associativas, sem consentimento dos segurados, podem ter causado prejuízo de até R$ 6,3 bilhões em todo o país. Um relatório interno da CGU, datado de junho de 2024, mostra que, com base nos dados de março do mesmo ano, 19 municípios nordestinos, principalmente do Maranhão e do Piauí, tinham mais de 60% dos aposentados e pensionistas com descontos em suas folhas de pagamento.
A fraude ganhou ainda mais evidência após revelação do Jornal Nacional, da TV Globo, que mostrou que o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, foi alertado em 2023 sobre o crescimento dos descontos irregulares, mas só tomou providências quase um ano depois. A investigação segue em andamento para determinar a extensão dos danos e quantos beneficiários foram, de fato, lesados.
Entre as irregularidades encontradas, os principais alvos foram cidades pequenas, onde o controle social é menor e os beneficiários do INSS são maioria. A CGU detalhou que a prática consistia em implementar mensalidades associativas sem a devida autorização dos aposentados, afetando significativamente sua renda. Veja a seguir a lista dos municípios mais atingidos e os percentuais de afetados.
