
As gêmeas siamesas Eliza Vitória e Yasmin Vitória retornaram neste domingo (10/08) ao Amazonas, após 107 dias de internação no Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (Hecad), em Goiânia (GO), onde passaram por cirurgia de separação, realizada no dia 13 de maio. As crianças, que nasceram em abril, na Maternidade Ana Braga, referência em parto de alto risco, seguirão aos cuidados da rede estadual de saúde, até o retorno para a casa dos pais, no interior do Pará.
“Agora estamos acolhendo de volta essa família. Nesse retorno aqui para o Amazonas nós vamos fazer um acompanhamento ambulatorial especializado com as crianças, vamos tratar desde o momento do acompanhamento da cardiopediatria, até de outras especialidades como aqui já iniciamos fazendo acolhimento com a equipe do Melhor em Casa”, destacou a secretária de Estado de Saúde, Nayara Maksoud.
Desde o parto, o Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), colocou todo um aparato médico e de recursos à disposição da mãe e das bebês, que nasceram unidas pelo abdômen, no dia 9 de abril deste ano.
Ao desembarcarem no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em Manaus, as meninas foram recepcionadas pelo pai, Marcos Oliveira, e por equipes do programa Melhor em Casa da SES-AM. O Melhor em Casa oferece atendimento domiciliar a pacientes desospitalizados que ainda necessitam de cuidados.
“Graças a Deus, desde o início fomos recebidos com bastante alegria e emoção. Nunca faltou nada, nenhum apoio, nada. Tudo que precisávamos, sempre estavam dispostos a nos ajudar. A última vez que eu as peguei, ainda eram grudadinhas e agora é uma alegria ver, pegar cada uma de cada lado separada já, uma alegria imensa”, disse Marcos.
Além do atendimento domiciliar, as pacientes contarão com acompanhamento especializado com um médico cardiopediatra e suplementação nutricional, conforme recomendação médica. As meninas receberam também kits bebê.
Acompanhamento integral
A secretária Nayara Maksoud destacou a importância da atuação integrada entre o Amazonas e Goiânia/GO, que garantiram atendimento rápido, resolutivo e em tempo adequado à Eliza e Yasmin. “O caso das gêmeas é um exemplo da potência que é o Sistema Único de Saúde (SUS). Quando atuamos integrados e coordenados, temos resultados surpreendentes”, reforçou.
Natural de Monte Alegre, no interior do Pará, a mãe das crianças, Elizandra da Costa, de 22 anos, optou por vir para Manaus durante a gravidez, onde fez o pré-natal de alto risco na rede estadual de saúde. Desde novembro do ano passado, ela realiza acompanhamento multiprofissional na rede de saúde do Amazonas, tendo iniciado o pré-natal na Maternidade Nazira Daou. O parto, ocorrido na Maternidade Ana Braga, foi considerado um sucesso, sem intercorrências.
“Quero agradecer ao Governo do Estado do Amazonas por ter nos ajudado. Também quero agradecer ao Governo do Estado de Goiás que nos amparou, nos abraçou como família e hoje estamos retornando e podendo chegar no Amazonas novamente para poder agradecer também especialmente ao governador Wilson Lima, que deu total apoio. Muito obrigado a cada um de vocês”, acrescentou a mãe das gêmeas.
Desde o nascimento, o Governo do Amazonas disponibilizou um aparato médico e técnico com mais de 100 profissionais envolvidos no caso, incluindo médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, reguladores, equipes técnicas e de gestão. As crianças precisaram passar por baterias de exames no Hospital Francisca Mendes, que apontaram o melhor caminho para a cirurgia, optando-se pelo Hecad, referência nacional em pediatria de alta complexidade.
A cirurgia de separação foi realizada com sucesso por Zacharias Calil, cirurgião pediátrico especialista nesse tipo de procedimento há mais de 25 anos, e que integra o corpo clínico do Hecad.
Histórico do caso
Nascidas no dia 9 de abril deste ano, na Maternidade Ana Braga, em Manaus, as irmãs foram diagnosticadas como toracoonfalópagas — unidas pelo tórax e abdômen e compartilhando o mesmo fígado. Elas nasceram com 2,4 quilos cada e permaneceram sob cuidados da maternidade até serem transferidas para o hospital de Goiânia, aos 15 dias de vida, em uma UTI aérea do programa Aeromédico do Governo do Amazonas.
No Hecad, permaneceram na UTI Pediátrica até o final de junho e, posteriormente, na enfermaria. Eliza permaneceu 60 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e 47 dias na enfermaria. Yasmin ficou 67 dias na UTI e 40 dias na enfermaria.