Fogo, água e religiosidade marcam primeira noite de desfiles na Sapucaí

O primeiro dia de desfiles do Grupo Especial no Sambódromo da Marquês de Sapucaí, entre a noite de domingo (2) e a madrugada desta segunda-feira (3), foi marcado por apresentações grandiosas e de forte impacto visual e cultural. Elementos como fogo, água e fumaça, carros alegóricos com partes móveis e iluminação especial trouxeram ainda mais brilho para a festa. Além do espetáculo visual, as escolas destacaram em seus enredos as religiões de matriz africana e afro-indígena, exaltando a força e a ancestralidade desses cultos na cultura brasileira.

A Unidos de Padre Miguel abriu os desfiles e celebrou seu retorno ao Grupo Especial após mais de 50 anos. Com o enredo Egbé Iyá Nassô, a escola homenageou Iyá Nassô, uma das fundadoras do Candomblé no Brasil. Com fantasias luxuosas e uma estética marcante, a vermelho e branco fez referência ao Terreiro Casa Branca do Engenho Velho, um dos mais antigos do país. Um dos destaques do desfile foi o imponente Boi Vermelho, símbolo de Xangô, que impressionou o público e reforçou a conexão entre a escola e suas raízes africanas.

A Imperatriz Leopoldinense foi a segunda a pisar na avenida com o enredo Ómi Tútu ao Olúfon – Água fresca para o senhor de Ifón, que contou a jornada de Oxalá e sua relação com a cerimônia das águas. A escola trouxe alegorias grandiosas e adereços iluminados, criando uma atmosfera mística. Segundo a presidente da Imperatriz, Cátia Drumond, a escola conseguiu transmitir com precisão a narrativa inspirada nas lendas iorubás.

Já a Unidos do Viradouro, atual campeã do Carnaval, levou para a avenida a história de Malunguinho, líder quilombola do Catucá, em Pernambuco, e figura central na religião Jurema. O enredo Malunguinho: O Mensageiro de Três Mundos emocionou o público com alas vibrantes e carros alegóricos repletos de simbolismo. A escola apostou em efeitos visuais impressionantes, como o uso de neon para destacar detalhes das fantasias e carros, além de encenações marcantes sobre a resistência negra.

Encerrando a primeira noite de desfiles, a Estação Primeira de Mangueira trouxe um enredo potente sobre a cultura bantu, destacando a influência desse povo na formação da identidade brasileira. O desfile À Flor da Terra – No Rio da Negritude Entre Dores e Paixões abordou a dor e a resistência da diáspora africana e exaltou elementos da música e dança que ainda ecoam nas ruas do Rio de Janeiro. Um dos carros alegóricos trouxe pilhas de caixas de som, remetendo a ritmos como o samba e o funk, enquanto as alas mostraram a conexão entre passado e presente.

Com o novo modelo de desfiles, que agora conta com quatro escolas por noite durante três dias, todas as agremiações cumpriram o tempo regulamentar de 80 minutos. A competição segue nesta segunda-feira (3) com as apresentações de Unidos da Tijuca, Beija-Flor de Nilópolis, Acadêmicos do Salgueiro e Unidos de Vila Isabel. Na terça-feira (4), será a vez de Mocidade Independente de Padre Miguel, Paraíso do Tuiuti, Acadêmicos do Grande Rio e Portela encerrarem a festa.

O resultado será divulgado na quarta-feira de Cinzas (5), quando será conhecida a grande campeã do Carnaval 2025.