Exportadores veem retrocesso para o Brasil após redução de tarifas dos EUA

Foto: revista cafeicultura

A decisão dos Estados Unidos de reduzir tarifas globais de importação reacendeu a preocupação dos exportadores brasileiros, especialmente dos setores de café, carnes e frutas. Embora Washington tenha derrubado o tarifaço de 10% para cerca de 200 produtos, manteve a sobretaxa de 40% especificamente para o Brasil, o que provocou reação negativa entre os produtores.

Para o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), o resultado foi desfavorável. “Melhorou para os nossos concorrentes e piorou para o Brasil”, afirmou o diretor-geral Marcos Matos. Ele destaca que países como Colômbia, Vietnã e Etiópia terão tarifa zerada, enquanto o café brasileiro continua arcando com uma alíquota considerada inviável. “A taxa de 40%, se ficar, continua proibitiva e não muda nada. O Brasil continua totalmente fora do jogo”, reforçou o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira.

No setor de frutas, o sentimento também é de cautela. A Abrafrutas considerou positiva a redução para alguns produtos, mas alertou que a uva — segunda fruta brasileira mais exportada para os EUA — ficou de fora da flexibilização. “Mais de US$ 40 milhões foram enviados no ano passado só de uva. Isso vai afetar”, disse o diretor-executivo Eduardo Brandão. As exportações da fruta já acumulam queda expressiva: 73% em valor e 68% em volume no terceiro trimestre, em comparação com 2024.

Em contrapartida, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) avaliou a decisão como um avanço moderado, ainda que insuficiente.

“É um motivo de comemoração comedida, mas com perspectiva positiva para que a gente possa ter a retirada total das tarifas”, afirmou o representante Roberto Perosa. Os EUA são hoje o segundo maior destino da carne bovina brasileira.

Apesar do governo federal ter recebido o anúncio como “boa notícia”, autoridades admitem que trabalham para reverter os itens que permanecem no tarifaço. Entre os exportadores, porém, o clima é de alerta: mesmo com a redução global, a competitividade brasileira segue pressionada, especialmente no café e na fruticultura.

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