O tarifaço de 50% imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afetará diretamente 35,9% das exportações brasileiras em valor — o equivalente a US$ 14,5 bilhões, segundo levantamento do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) com base nas vendas de 2024.
O impacto é menor que o inicialmente estimado graças à lista de cerca de 700 produtos que ficaram de fora da sobretaxa. Entre os itens preservados estão celulose, suco de laranja, petróleo, minério de ferro e aeronaves, que continuam sujeitos a tarifas de até 10%. Esse grupo representa 44,6% do total exportado para os EUA no ano passado.
Outros 19,5% das vendas — incluindo autopeças, veículos, aço e alumínio — já enfrentavam tarifas específicas aplicadas a todos os países com base em argumentos de segurança nacional e seguem com alíquotas de 25% a 50%. Essas medidas não fazem parte da nova ordem executiva, mas foram incluídas no cálculo do Mdic por também restringirem o acesso ao mercado norte-americano.
A tabela abaixo resume a distribuição das exportações brasileiras para os EUA, considerando os valores de 2024:
O governo brasileiro negocia com os Estados Unidos esclarecimentos adicionais sobre produtos com especificações técnicas não contempladas claramente na lista de exceções. Mercadorias que já estavam em trânsito ou foram embarcadas até sete dias após a publicação do decreto, no dia 30 de julho, não serão afetadas.
Embora o tarifaço represente uma barreira importante, o fato de as commodities terem sido preservadas garante algum respiro para a balança comercial. O foco da equipe econômica agora é manter o diálogo diplomático e buscar soluções setoriais junto à indústria brasileira.