
A mais recente rodada de aumentos tarifários anunciada pelos Estados Unidos inclui agora o México e a União Europeia (UE), com aplicação de 30% sobre produtos importados a partir de 1º de agosto. As cartas oficiais, enviadas nesta semana aos líderes dos dois blocos, marcam um novo estágio na política comercial norte-americana, que já notificou 25 países com taxações variando entre 20% e 50%.
No caso do México, a justificativa está relacionada à crise do fentanil. A comunicação enviada ao governo de Claudia Sheinbaum afirma que os cartéis mexicanos continuam sendo responsáveis pelo tráfico da substância e que os esforços de contenção são insuficientes.
“Não posso permitir que toda a América do Norte se torne um playground do narcotráfico”, afirmou o presidente dos EUA no documento.
Em relação à União Europeia, a motivação gira em torno do déficit comercial entre os dois blocos. O presidente norte-americano considera que as políticas da UE geram desequilíbrios insustentáveis para os Estados Unidos e exige reciprocidade no acesso ao mercado europeu. Também alertou que produtos reexportados por países terceiros estarão sujeitos à tarifa mais elevada.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, reagiu afirmando que as novas tarifas podem prejudicar cadeias transatlânticas essenciais, sobretudo na área farmacêutica. Ela destacou que o bloco permanece comprometido com o diálogo, mas não descarta contramedidas proporcionais para proteger os interesses europeus.
O México ainda não respondeu oficialmente, mas analistas apontam que o novo pacote tarifário pode enfraquecer setores estratégicos das economias mexicana e europeia, incluindo o de bebidas, equipamentos médicos e peças industriais. A expectativa é que as negociações se intensifiquem nas próximas semanas para evitar uma escalada comercial.
Além de México e UE, outros 23 países já foram notificados, entre eles Brasil (com a taxa mais alta, de 50%), Canadá (35%), Coreia do Sul (25%) e Indonésia (32%). As Filipinas, com 20%, receberam a menor tarifa até o momento. Todos os países têm até o fim de julho para propor acordos bilaterais antes da entrada em vigor das medidas.
A estratégia tarifária reflete uma tentativa de reposicionar os Estados Unidos como ator dominante nas trocas internacionais. Entretanto, especialistas alertam que a postura pode provocar instabilidade econômica global, especialmente se houver retaliações coordenadas por blocos como a UE e o Mercosul.