Estados brasileiros reagem ao tarifaço dos EUA com pacotes emergenciais

Divulgação Internet

A resposta ao tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros começou a ser construída diretamente pelos governos estaduais. Com a demora da União em anunciar medidas concretas, pelo menos cinco estados já colocaram em prática pacotes emergenciais para mitigar os impactos sobre suas economias. Entre as ações estão a liberação de créditos de ICMS, ampliação de linhas de financiamento e flexibilização de exigências fiscais para setores exportadores.

São Paulo anunciou a devolução de R$ 1,5 bilhão em créditos acumulados de ICMS, além da ampliação da linha Giro Exportador com juros subsidiados. Minas Gerais e Paraná seguiram a mesma linha com mais de R$ 700 milhões em recursos para crédito e garantias. Goiás direcionou seus esforços aos setores mais afetados, como carnes e açúcar orgânico, enquanto o Rio Grande do Sul destinou R$ 100 milhões para dar fôlego imediato às indústrias.

Outros estados, como Ceará, Pará, Espírito Santo e Rondônia, também se mobilizam com grupos técnicos e articulações com o setor produtivo. No Ceará, por exemplo, onde os EUA representam mais da metade das exportações, o governo pressiona por compensações previstas na Lei Kandir e pede medidas urgentes para o setor do pescado e da castanha.

No Amazonas, a avaliação é mais cautelosa. Técnicos apontam que o impacto direto do tarifaço na Zona Franca de Manaus deve ser mínimo, com apenas 0,15% do faturamento do polo industrial exposto às novas tarifas. A maior parte da produção local é voltada ao mercado interno, e os EUA ocupam a quinta posição no ranking de exportações do estado. Ainda assim, o governo mantém monitoramento ativo sobre possíveis efeitos indiretos, como o encarecimento de insumos importados.

Enquanto os estados se antecipam, o governo federal afirma que um plano de contingência está pronto, mas aguarda aval político para ser anunciado. A pressão de governadores e da indústria cresce, e há expectativa por uma coordenação nacional que ofereça proteção aos empregos e às cadeias produtivas mais atingidas.