Enchente no Texas: sobe para 82 o número de mortos, calor e umidade agravaram desastre

Reprodução redes social @ Mountain Mule Packers

Um temporal violento transformou parte do Texas em cenário de devastação, com pelo menos 82 mortos e mais de 40 desaparecidos até esta segunda-feira (7). Entre os desaparecidos está um grupo de dez meninas que participava de um acampamento na região de Kerr, onde o rio Guadalupe subiu nove metros em apenas duas horas, surpreendendo moradores e autoridades. A força e a rapidez da enchente foram explicadas por uma combinação de calor extremo e excesso de umidade na atmosfera, cenário agravado pelas mudanças climáticas em curso.

A tragédia ocorreu durante o feriado de 4 de Julho, quando muitas famílias aproveitavam a data em áreas próximas a rios e lagos. Imagens divulgadas por moradores nas redes sociais mostram a água engolindo casas, carros e pontes em questão de minutos. De acordo com meteorologistas, a água quente do Golfo do México e um sistema de umidade vindo do Pacífico criaram uma atmosfera propensa a chuvas intensas e repentinas. A região, que já enfrentava uma forte seca, teve dificuldade em absorver o volume de água, agravando os efeitos da tempestade.

Especialistas explicam que o solo ressecado agiu como concreto: a chuva escorreu em vez de infiltrar, provocando escoamento acelerado para bacias hidrográficas estreitas. O resultado foi uma cheia fulminante no rio Guadalupe, que saltou de 90 centímetros para dez metros em menos de duas horas. “Muitas variáveis se alinharam de forma trágica”, afirmou Robert Henson, da Yale Climate Connections. As condições topográficas do Texas central, com áreas montanhosas, contribuíram ainda mais para a rapidez com que a água avançou.

O episódio é mais um entre uma série de eventos extremos associados ao aquecimento global. No último ano, o Rio Grande do Sul sofreu com chuvas históricas; Valência, na Espanha, viveu a maior tragédia do século devido a inundações. Segundo a Organização Meteorológica Mundial (WMO), cada aumento de 1°C na temperatura global permite ao ar reter 7% a mais de vapor d’água — o que torna as chuvas mais intensas e destrutivas. O ano de 2024 foi o mais quente já registrado, e 2025 segue a mesma tendência.

Meteorologistas alertam que, sem redução drástica na emissão de gases poluentes, episódios como o do Texas tendem a se repetir com maior frequência e intensidade. O oceano, que absorve cerca de 90% do calor excedente do planeta, já não consegue frear as consequências do superaquecimento. Com mais vapor disponível na atmosfera, o “combustível” para tempestades destrutivas se multiplica. Para os especialistas, a enchente no Texas é um sinal claro: as mudanças climáticas deixaram de ser uma previsão futura — estão em curso, agora.