Empresário denuncia propina e fraudes ligadas à cúpula do INSS

Foto- Moisés Stuker

Em depoimento prestado à Polícia Civil do Disrito Federal em 2021, o empresário Bruno Deitos relatou que o presidente da Conafer, Carlos Roberto Lopes, afirmava ter “domínio” sobre diretores do INSS, obtido por meio de pagamentos de propina. Segundo Deitos, as vantagens seriam usadas para alterar dados no sistema do instituto e acessar informações de aposentados e pensionistas, em um suposto esquema de fraudes em massa.

A empresa de Deitos foi contratada para coletar assinaturas de associados da Conafer, entidade que teve um crescimento explosivo no volume de descontos aplicados em benefícios do INSS — de R$ 400 mil, em 2019, para R$ 202 milhões em 2023, segundo a Controladoria-Geral da União. Mas, segundo o empresário, as assinaturas colhidas eram posteriormente manipuladas para forjar adesões, com uso de empresas especializadas na adulteração de documentos em PDF.

Deitos afirmou ainda que procurou a polícia após não receber integralmente o valor combinado pelo serviço (R$ 742,5 mil) e ter sido ameaçado ao cobrar o pagamento. A denúncia foi encaminhada à Polícia Federal, que, no mês passado, deflagrou a Operação Sem Desconto para apurar um suposto esquema nacional de fraudes que pode ter causado prejuízo de R$ 6,3 bilhões ao INSS.

Procurada, a Conafer declarou, em nota, que está à disposição das autoridades e prestará todos os esclarecimentos no âmbito das investigações.

Organograma da PF mostra suposto esquema intricado de repasses ilegais no INSS — Foto- Polícia Federal/Reprodução