
Durante a cúpula do Brics realizada no Rio de Janeiro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez uma ameaça direta aos países que se alinharem politicamente ao grupo, formado atualmente por 11 membros. Por meio de uma publicação na rede Truth Social, o líder norte-americano anunciou que imporá uma tarifa extra de 10% sobre produtos importados desses países. “Não haverá exceções a essa política”, escreveu Trump.
A declaração ocorre no mesmo momento em que o Brics divulgou sua posição oficial sobre o comércio internacional. No documento de encerramento da cúpula, os líderes do bloco criticaram medidas protecionistas adotadas por grandes economias e reforçaram o apoio a um sistema de comércio multilateral baseado em regras claras, com tratamento especial para nações em desenvolvimento. A Organização Mundial do Comércio (OMC) foi citada como peça central desse modelo.
Trump, que voltou à Casa Branca no início deste ano, tem retomado a retórica nacionalista e protecionista que marcou seu primeiro mandato. Logo nos primeiros meses de governo, ele aumentou tarifas sobre diversos produtos estrangeiros, o que já provocou tensões diplomáticas com parceiros comerciais dos Estados Unidos. Agora, mira diretamente o Brics, bloco liderado por China, Brasil, Índia, Rússia e África do Sul.
Além dos cinco fundadores, o Brics passou a contar com outros seis membros: Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Indonésia, Egito e Etiópia. O grupo também mantém uma rede de dez países parceiros, entre eles Cuba, Bolívia, Vietnã e Malásia. A expansão e articulação do bloco têm gerado incômodo em Washington, principalmente por representar uma alternativa geopolítica à ordem liderada pelos EUA.
A ameaça de Trump evidencia o endurecimento da política externa americana diante da crescente influência do Brics no cenário internacional. A resposta do bloco, ao reafirmar a defesa de um comércio mais equitativo e não discriminatório, sinaliza que os países-membros não pretendem recuar. A tensão reforça a disputa por protagonismo global e pode abrir caminho para novos embates diplomáticos e econômicos.