Dólar tem maior queda desde 2022 com recuo em tarifas de Trump

O dólar registrou forte queda nesta quarta-feira (5), encerrando o dia com desvalorização de 2,71%, a R$ 5,755. Esse foi o maior tombo percentual da moeda americana em um único dia desde outubro de 2022. A decisão do governo dos Estados Unidos de suspender temporariamente tarifas sobre importações do Canadá e do México impulsionou o movimento global de enfraquecimento do dólar, que caiu frente a 28 das 31 moedas mais líquidas do mundo.

No cenário internacional, o índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de moedas, recuou 1,34% no fim da tarde. No Brasil, a melhora no humor dos investidores refletiu no Ibovespa, que fechou em alta de 0,28%, aos 123.146 pontos. O alívio no mercado veio após a Casa Branca anunciar que as tarifas sobre automóveis importados do México e do Canadá ficariam isentas por um mês, beneficiando montadoras e setores dependentes do comércio entre os países.

Para Nicolas Gomes, especialista em câmbio da Manchester Investimentos, a flexibilização das tarifas foi o principal fator para a queda do dólar. “A decisão de Trump de conceder um período de isenção para os automóveis foi a cereja do bolo, dando alívio imediato ao mercado”, avaliou. No dia anterior, montadoras tiveram quedas expressivas nas bolsas, impactadas pelas incertezas sobre a taxação imposta pelo governo americano.

Apesar do recuo parcial nas tarifas, as medidas protecionistas de Trump seguem afetando a economia global. O presidente americano manteve a decisão de impor uma tarifa de 25% sobre importações de países vizinhos e elevou em 20% os tributos sobre produtos chineses. Esse cenário ainda alimenta a tensão nos mercados e pode gerar novas retaliações comerciais por parte dos países afetados.

China e Canadá já anunciaram reações às medidas dos EUA. Pequim aplicou tarifas entre 10% e 15% sobre produtos agrícolas americanos e restringiu operações de empresas dos EUA em seu território. Já o Canadá optou por taxação recíproca de 25% sobre mercadorias importadas dos americanos. O governo do México, por sua vez, deve anunciar suas represálias no domingo, segundo a presidente Claudia Sheinbaum.

A instabilidade gerada pela guerra comercial entre os EUA e seus parceiros comerciais deve continuar pressionando o mercado de câmbio nos próximos dias. Analistas alertam que, apesar da queda expressiva de hoje, o dólar ainda pode registrar volatilidade diante de novas decisões da Casa Branca. A permanência de tarifas para outros setores e as retaliações já anunciadas indicam que a disputa tarifária deve se prolongar, mantendo os investidores em alerta.