A dívida pública brasileira alcançou 90% do Produto Interno Bruto (PIB) na metodologia utilizada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), revelando um quadro mais grave do que o registrado pelo Banco Central, que calcula o endividamento em 77,6% do PIB. A diferença decorre da inclusão, pelo FMI, dos títulos que estão na carteira da autoridade monetária, utilizados para controlar a liquidez e a taxa Selic.
Esse patamar coloca o Brasil entre os países emergentes com maior nível de endividamento, o que acende alertas no mercado financeiro e reforça preocupações sobre a sustentabilidade fiscal. Segundo especialistas, quanto maior a relação dívida/PIB, maior a percepção de risco, o que impacta diretamente no custo de captação do governo e do setor privado.
Em julho, o montante da dívida consolidada chegou a R$ 9,6 trilhões, crescimento impulsionado pelo aumento das despesas públicas nos últimos anos. Essa escalada contribui para a manutenção da taxa básica de juros em 15% ao ano, já que o governo precisa oferecer retorno elevado para atrair investidores dispostos a financiar sua dívida.
A consequência direta recai sobre a economia real. Juros altos encarecem o crédito, freiam investimentos e limitam a expansão do setor produtivo. O cenário, portanto, impõe obstáculos adicionais para o crescimento do país, justamente em um momento em que há necessidade de estímulos para a atividade econômica.
Com o indicador fiscal em deterioração, analistas defendem maior disciplina nas contas públicas e medidas de ajuste que possam conter o avanço da dívida. A avaliação é de que, sem reformas que assegurem equilíbrio fiscal, o Brasil permanecerá preso a um ciclo de juros altos e baixo crescimento, com reflexos negativos sobre emprego e renda.