Diplomacia em crise: EUA barram embaixador sul-africano após declarações

Foto Chio Somodevilla / Reuters

O governo dos Estados Unidos declarou, nesta sexta-feira (14), o embaixador sul-africano Ebrahim Rasool como persona non grata, determinando sua saída do país. A medida foi anunciada pelo Secretário de Estado Marco Rubio, que acusou o diplomata de promover “ataques raciais” e alimentar discurso antiamericano.

“O embaixador da África do Sul nos Estados Unidos não é mais bem-vindo em nosso grande país. Não temos nada a discutir com ele e, portanto, ele é considerado persona non grata”, declarou Rubio em publicação na plataforma X.

A decisão ocorre após Rasool participar de um evento online no qual criticou o ex-presidente Donald Trump, acusando-o de promover uma narrativa de vitimização da população branca e de adotar retórica associada ao supremacismo branco.

O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, classificou a expulsão de Rasool como “lamentável” e ressaltou o compromisso de seu governo com a manutenção de relações diplomáticas saudáveis. “A África do Sul continua comprometida em construir um relacionamento mutuamente benéfico com os Estados Unidos”, afirmou em nota oficial.

Tensões diplomáticas

As relações entre Washington e Pretória têm se deteriorado desde que Trump cortou a ajuda financeira à África do Sul, criticando sua política fundiária e sua posição no caso de genocídio contra Israel na Corte Internacional de Justiça (CIJ). O ex-presidente norte-americano alegou que “a África do Sul está confiscando terras” e que “certas classes de pessoas” estão sendo tratadas “muito mal”.

A polêmica se intensificou com a aprovação de uma lei sancionada por Ramaphosa em janeiro, permitindo a expropriação de terras sem compensação em casos de interesse público. O governo sul-africano defende que a medida busca corrigir desigualdades históricas na distribuição de terras, herdadas do período do apartheid. Atualmente, a maioria das propriedades rurais do país ainda pertence a uma minoria branca, mesmo três décadas após o fim do regime segregacionista.

A expulsão do embaixador deve acirrar ainda mais as tensões entre os dois países, com impacto direto nas relações comerciais e diplomáticas.

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