Durante a cúpula pela democracia realizada nesta segunda-feira (21/07) em Santiago, no Chile, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou o chamado por uma atuação conjunta de governos e sociedades civis diante do avanço do extremismo e de práticas intervencionistas no cenário internacional. O encontro reuniu os chefes de Estado do Chile, Colômbia, Uruguai e o primeiro-ministro da Espanha.
Sem citar diretamente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Lula destacou que a defesa da democracia vai além da responsabilidade dos governos, envolvendo também o parlamento, a sociedade civil, a academia, a mídia e o setor privado.
“Nesse momento em que o extremismo tenta reeditar práticas intervencionistas, precisamos atuar juntos”, afirmou.
O encontro ocorre em meio às tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, agravadas pela imposição, anunciada por Trump, de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos EUA. O governo americano justificou a medida alegando “ataques à liberdade de expressão” e citou o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal. Lula classificou a decisão como “chantagem inaceitável” e reafirmou que o Brasil não aceitará pressões sobre sua soberania.
Além da cobrança por união em defesa da democracia, os líderes presentes na cúpula defenderam o multilateralismo e uma cooperação internacional baseada na justiça social. Entre os consensos, destacou-se a necessidade de regulamentação das plataformas digitais e do combate à desinformação.
“Liberdade de expressão não é licença para incitar violência, cometer crimes ou atacar o Estado Democrático de Direito”, reforçou Lula.
A ofensiva internacional dos Estados Unidos também tem atingido membros do Supremo brasileiro. Após a operação da Polícia Federal que impôs medidas cautelares a Bolsonaro, o governo Trump anunciou o cancelamento de vistos americanos do ministro Alexandre de Moraes, seus aliados e familiares — uma decisão duramente criticada por Lula, que chamou a medida de “arbitrária” e um atentado à soberania.
O encontro em Santiago reforçou o posicionamento do Brasil e de seus aliados regionais frente a um cenário em que ameaças autoritárias e intervenções externas exigem uma resposta articulada, democrática e baseada no respeito às instituições.