Decreto dos EUA e diálogo com Lula reacendem esperança do café brasileiro

Rota do Café - Fazenda Palmeira - Distrito de Santa Mariana - Londrina/PR. Foto: José Fernando Ogura/ANPr

O setor cafeeiro brasileiro voltou a respirar aliviado após semanas de incerteza sobre as exportações para os Estados Unidos. Um decreto assinado por Donald Trump no início de setembro e a sinalização de aproximação entre o presidente norte-americano e Luiz Inácio Lula da Silva na ONU reacenderam as expectativas de retomada das vendas sem sobretaxa.

O documento inclui o café entre os produtos com chance de isenção nas chamadas “tarifas recíprocas”, política que elevou em até 50% o preço de exportação do grão brasileiro para os EUA em agosto. O gesto político ganhou ainda mais força após Trump declarar ter tido “química excelente” com Lula e antecipar uma possível reunião entre ambos para tratar do tema.

Até a imposição das tarifas, o Brasil detinha cerca de um terço do mercado norte-americano, posição que perdeu para a Alemanha nos últimos meses. Para a Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic) e o Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé), a abertura de diálogo bilateral pode ser determinante para recolocar o produto brasileiro no centro da cadeia global.

“O café está no radar dos dois presidentes, e isso é decisivo para destravar negociações”, afirma Pavel Cardoso, presidente da Abic. Já Marcos Matos, diretor-geral do Cecafé, avalia que a sinalização de Trump reconhece a importância estratégica do grão brasileiro, cuja ausência compromete a própria indústria americana.