Correios pedem R$ 7 bi até 2026, mas Fazenda resiste a aporte

Foto Antonio Cruz

A crise financeira dos Correios voltou ao centro da agenda econômica do governo. A estatal estima precisar de R$ 2 bilhões neste ano e mais R$ 5 bilhões em 2026 para equilibrar as contas e ganhar fôlego para negociar um empréstimo com bancos. A nova gestão, liderada por Emmanoel Schmidt Rondon, tenta sensibilizar o Ministério da Fazenda, que resiste a liberar recursos diante do risco de transformar a empresa em dependente do Tesouro.

Se o aporte for confirmado, os cerca de R$ 20 bilhões de despesas anuais dos Correios teriam de ser incorporados ao Orçamento da União, reduzindo a margem de manobra para outras políticas públicas. O ministro Fernando Haddad e sua equipe defendem que a solução passe por redefinir o papel da estatal, hoje obrigada a garantir a universalização dos serviços postais — um modelo considerado deficitário em plena era digital.

No primeiro semestre, o prejuízo dos Correios saltou de R$ 1,35 bilhão em 2024 para R$ 4,37 bilhões em 2025. A situação se agravou com atrasos no pagamento a fornecedores e aportes pendentes em fundos de pensão. A folha salarial só vem sendo cumprida graças ao adiamento de outras obrigações.

Além da troca na presidência, o governo prepara mudanças nas diretorias ligadas ao União Brasil, partido que deixou a base aliada. O objetivo é reduzir ingerências políticas e dar perfil mais técnico à gestão. Ainda assim, a pressão sindical e o peso dos custos de pessoal — que representam 60% das despesas fixas — seguem como entraves a um plano de reestruturação.

O impasse abre um dilema para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva: sustentar a estatal com recursos públicos em meio a um cenário fiscal apertado ou redesenhar o modelo de funcionamento dos Correios, limitando obrigações de universalização e buscando parcerias privadas para aliviar o peso sobre o Tesouro.

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